domingo, 17 de janeiro de 2010

Bodas de Caná

Os sinais da Redenção se externam através da vivência de Cristo, onde são revelados - no Evangelho segundo São João - sete sinais que nos preparam para a morte de cruz. Porém, são nas bodas de Caná o princípio de todos os sinais, é lá que Jesus afirma sua vocação, seu primeiro milagre e nos ensina a manter-nos obedientes, a perseverar na fé e "sofrer as demoras de Deus" (Ecl 2,3).
Fica claro o papel do cristão desde o "vigiai e orai" (Mt 26, 41) à manter-se obediente, a confiar na certeza do alto. “Mulher, por que dizes isto a mim? Minha hora ainda não chegou” (Jo 2, 4) - A "hora" de Jesus é a resposta à sua vocação, é a fidelidade de Cristo se expondo à humanidade, onde diante de sua mãe - Maria - o Messias afirma a sua divindade ao propôr ali o motivo da encarnação do Verbo.
Ao fazer uma análise histórica, ao analisar toda a questão sócio-cultural da época, - exegese canônica - o fato de acabar a bebida durante uma festa era visto como um escândalo e seria uma desonra para os noivos e certamente o fim da festa. Importante ainda ressaltar a instituição do sacramento do Matrimônio durante as bodas de Caná, o símbolo de um sacramento mais alto do que a união carnal de um casal, mas são as núpcias de Cristo com a Igreja. "Pois assim como o marido e a mulher têm filhos segundo a carne, assim Cristo e a Igreja geram os filhos de Deus."
Jesus, ao atender o pedido de seu mãe, transforma a água em vinho. Em seu primeiro milagre, expõe a sua lei de amor, coloca a serviço do mundo a sua propriedade de dar a vida, de fazer o novo.
O mundo nos confunde com suas ideologias e nos torna eventualmente mais dispersos para as coisas de Deus. São os valores distorcidos que insistem na difamação do ser humano, as possibilidades que se facilitam por si só, onde a afirmação homossexual, a prostituição, o vício nas drogas, tudo nos sugere um sabor diferente, contudo, voltam sempre a ser água, a não dar sabor à vida, e continuamente nos afasta de Deus Pai.
Somos convidados neste tempo comum, a sermos sensíveis como Maria. A perceber a divindade de Jesus. Ele que quer hoje transformar-nos em vinho novo, quer dar sabor à nossa vida. Com toda a indiferença que há entre o mundo sobre as coisas de Deus, estejamos dispostos a sermos uma oferta de amor, e como servos do alto, possamos transbordar o sabor de Cristo, "o vinho melhor" (Jo 2, 10c).

"Não quero que a embriaguez dos vinhos que bebi, me impeça de provar o sabor do Teu vinho novo."


Deus, só.