sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Santa Missa - A Tradição que leva ao Pai.

Ao se abordar como tema a liturgia nos tempos atuais, nos deparamos com incoerências diversas em paróquias e celebrações. Gostaria de inicar o texto com a frase do Santo Padre Bento XVI que se encontra no Motu Proprio Summorum Pontificum, no qual Bento XVI torna válida a celebração do Rito extraordinário - vide post anterior -. "Sempre foi preocupação dos Sumos Pontífices até o tempo presente, que a Igreja de Cristo ofereça um culto digno à Divina Majestade ‘para louvor e glória de seu nome’ e ‘para nosso bem e o de toda sua Santa Igreja’.”
Sendo o rito ordinário (Missal de Paulo VI), hoje o modo comum da renovação do Sacrifício de Cristo, é nele que encontramos diversos erros litúrgicos, em sua maioria, fruto de uma má interpretação das regras litúrgicas e da incompreensão dos fiéis leigos sobre o que se celebra.
Vale ainda ressaltar, qua a compreensão do rito sagrado de uma forma mais tradicional, não implica num tradicionalismo, mas na afirmação do Credo, na certeza de que a nossa fé se concretiza nas Sagradas Escrituras, no Magistério e na Tradição, por isso somos católicos.

Desde o início de seu pontificiado, o papa Bento, tem ressaltado a importância do respeito à liturgia, da coerência com a Tradição, para que se ofereça à Cristo, um Sacrifício digno de santidade. Depois do Concílio Vaticano II, foi definido que o rito da Santa Missa deveria ter uma participação maior dos fiéis, para que se soubesse aquilo que se celebrava, afinal o latim não era compreendido por todos, em sua totalidade. Dessa forma, além das mudanças no próprio ato de se celebrar, foi se permitido a inculturação/aculturação nas regiões onde o latim não era conhecido de forma nenhuma, ou total. A partir daí, tivemos o Rito Romano, traduzido para as línguas diversas, o que causou uma falsa ideia, onde o Rito Romano virou algo subjuntivo as inculturações, o que deveria ser exatamente o oposto.
Os erros de compreensão da liturgia, nos faz cometer alguns equívocos, além dos próprios sacerdotes, infelizmente, desobedecerem algumas normas do Rito Romano.
Está em andamento uma reforma litúrgica (na verdade, reforma da reforma), e já é ordenado pelo Vaticano que se alterem algums equívocos.
Por exemplo, na hora da consagração do vinho no Sangue de Cristo, o sacerdote proclama:
"- [...] Tomai todos e bebei, este é o cálice do meu sangue, o sangue da nova e eterna aliança que será derramado por vós e por MUITOS para remissão dos pecados [...]".
O 'por muitos' ressalta a liberdade do ser humano, e a prioridade da sua escolha em aceitar o Cristo ressucitado e o fato da Salvação não ser um processo 'automático'.
Outra novidade é a celebração 'Versus Deum', onde o sacerdote se volta para Deus, e não 'para o povo', afinal a Santa Missa é celebrada diretamente para Deus, independente da posição que esteja voltado o sacerdote, e não para 'o povo', como se errôneamente é imaginado por alguns leigos.
A maneira de se receber a Santa Eucaristia, hoje recebida na mão, foi alertada pelo Santo Padre, para que seja recebida diretamento na língua e de joelhos. A Eucaristia é motivo de adoração perpétua, o Cristo vivo e ressucitado não deve ser visto ou 'pegue' de qualquer maneira. E sim, recebê-Lo diretamente na língua e de joelhos, é uma forma de fazer-se humilde diante do Senhor, de adorá-Lo de uma forma digna e contínua.

É justo que compreendamos de uma forma mais digna o mistério da Eucaristia, mas que tenhamos como prioridade em nossos corações a caridade. Que estejamos sempre prontos a receber a Deus vivo e assim torná-Lo eventualmente mais conhecido no mundo. A responsabilidade do cristão se dá além do mistério metafísico. É preciso reconhecer Cristo em tudo, é justo olhar para o mundo com a óptica do Redentor, e uma vez conhecida a sua Vontade, transbordá-la, afim de que todo o mundo se renda a grandeza do Criador.

"Ter uma perfeita harmonia, entre a doutrina e o viver."

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Sacralidade, uma escolha divina.

Segue abaixo um texto auto-explicativo, de escrita muito pertinente sobre as formas litúrgicas de celebração, o rito ordinário e o rito extraordinário.

Deus, só.

"O rito extraordinário e a reforma da reforma
Postado por Rafael Vitola Brodbeck


Com o Motu Proprio Summorum Pontificum, Papa denominou o rito romano antigo de “forma extraordinária do rito romano”. Qual o sentido dessa expressão?
Antes de tudo, cumpre salientar que a forma extraordinária, ou rito antigo, ou rito tradicional, ou Missa tridentina, está em pé de igualdade com a forma ordinária, assegura o mesmo Papa. Segundo a Cúria Romana e pronunciamentos do Pontífice, ela deve ser amplamente promovida e difundida, os Bispos não lhe podem empecilhos, todos são convidados a celebrá-la ou assisti-la etc.
É lícito, ademais, argüir que essa forma extraordinária contém elementos que talvez não devessem ter sido removidos quando da reforma litúrgica de Paulo VI, ou que ela representa melhor a nossa cultura que não é puramente romanas, mas mesclada com os elementos culturais galicanos e, enfim, se encaixa mais perfeitamente na esteira do desenvolvimento harmônico da liturgia...
Todavia, esse modo de celebrar o rito romano como celebrava a Igreja latina até 1970 é hoje uma forma extraordinária, não a ordinária. O que quer dizer o Papa com isso?
Podemos difundir a forma extraordinária. Podemos amar a forma extraordinária. Podemos querer que a forma extraordinária esteja em todas as dioceses. Mas, além disso, é preciso promover a forma ordinária bem celebrada, justamente porque ela é, ordinária, comum, usual, majoritária. Aliás, o Papa fala de mútua influência entre as formas, e um dos modos disso acontecer é justamente popularizando a Missa antiga para que aqueles que celebram mal a Missa nova possam fazer uma comparação e se empenhar na correta celebração também dessa nova.
Com o tempo, por uma “reforma da reforma” que seja orgânica, é bem possível que elementos antigos da Missa e extirpados nos anos 70, hoje encontrados na forma extraordinária, sejam reincorporados ao rito usual de Paulo VI. Teríamos, assim, no futuro, um rito romano unificado, com textos, rubricas e cerimônias das duas formas: “o melhor” dos dois Missais, diríamos em linguagem popular.
Antes que isso acontece, e independentemente de acontecer, o indulto universal para a forma extraordinária deve, além de favorecer um espírito de tolerância entre os diversos grupos presentes na Igreja – tolerância essa que deve conduzir à caridade fraterna e aceitação plena –, criar condições para que o esplendor e a sacralidade – normais na forma extraordinária justamente porque, além de contar com rubricas mais precisas e detalhadas, ela é a procurada por católicos insatisfeitos com a verdadeira bagunça ritual na maioria das paróquias – sejam “populares” também na forma ordinária.
Quem vê a Missa celebrada pelo Papa, ou as Missas dos Legionários de Cristo, dos padres do Opus Dei, dos Cônegos Regulares de São João Câncio, dos Missionários Franciscanos do Verbo Eterno, dos Franciscanos da Imaculada, e de uma série de mosteiros beneditinos e cistercienses, encontra uma forma ordinária, moderna, do rito romano, bem celebrada, com sacralidade, respeito às rubricas, latim, incenso, padre eventualmente versus Deum, e o adequado esplendor litúrgico. Uma Missa assim não afasta os que procuram a forma extraordinária para fugir ao caos – ainda que possam torcer o nariz também para ela alguns mais radicais daqueles que preferem a Missa antiga por razões teológicas, criticando a nova por supostos defeitos. Também não afasta os que preferem a Missa antiga e a consideram mais adequadamente transmissora do ensinamento eucarístico, mas respeitam a nova e sabem-na não só válida, como lícita, legítima e santificante – como é o caso da Administração Apostólica, da Fraternidade São Pedro, do Barroux, dos redentoristas transalpinos de Papa Stronsay, do Instituto Cristo Rei etc.
Promover que a Missa, na forma ordinária mesmo, seja celebrada conforme as rubricas – e isso não deixa de ser uma aproximação externa entre as duas formas – é também fazer o que pede o Papa.
O rito extraordinário é isso: extraordinário. Façamos sua promoção! Mas não esqueçamos de promover o ORDINÁRIO, o comum que encontramos nas nossas paróquias, para que seja melhor celebrado. Pouco adianta termos, lado a lado, uma excelente e piedosa Missa tridentina, e uma Missa nova mal celebrada, desdenhosa do latim, do incenso, do versus Deum e do gregoriano, com padres sem casula, sem sacralidade e sem amor às rubricas... A Missa antiga não é a “versão da Missa para conservadores” e a nova também não é a “versão para os que aceitam a bagunça”. Se a forma extraordinária deve ser difundida, a forma ordinária, tal como celebrada hoje na imensa maioria do Brasil, deve ser reconduzida ao lugar em que figura no Missal. Se a extraordinária precisa ser promovida, o modo como se oferece a ordinária na grande maioria das paróquias brasileiras deve ser corrigido.
Queremos não só a Missa tridentina... Queremos, na Missa nova, na forma ordinária, nessa que temos nas nossas paróquias, a Missa do Missal! Não é só em Roma, ou só os legionários, ou só a Obra, ou só monges, que devem celebrar a forma ordinária com sacralidade e fausto...."


Bibliografia: www.salvemaliturgia.com

domingo, 21 de fevereiro de 2010

1º Domingo da Quaresma

O Evangelho no primeiro domingo da Quaresma - Lucas 4, 1-13 - vem à confirmar o propósito que esse tempo santo nos ensina. O tempo de 40 dias é vivido também por Jesus no deserto, já que outrora esse mesmo tempo já havia sido vivido por Moisés e o profeta Elias. A 'quaresma' de Cristo se passa logo após o seu batismo, e como diz o evangelista: "Jesus, cheio do Espírito Santo". Em estado de graça, Ele se fez humano, e sofreu como tal as tentações do demônio.
Hoje, nesse tempo de reflexão e aprofundamento na caminhada com Cristo, somos convidados por Ele, a estarmos atentos ao frutos de Sua graça. A Quaresma nos ensina a calar, a ouvir no coração a vontade do Pai, e assim, como Cristo, a estarmos centrados diante da certeza de Deus.
O desafio que o mundo moderno nos propõe, estão em concordância com as tentações que Jesus sofreu no deserto. É o consumismo, a distância do Pai, o 'ruído' do mundo, que nos afastam do silêncio santo de Deus. É diante de todos esses obstáculos, que Cristo nos fortifica através da oração, da penitência, e da Eucaristia, à vivermos em sintonia com a vontade de Deus, e atentos a isso, renunciarmos a proposta falível do mundo.
As tentações do demônio se fazem, segundo o Evangelho, em três etapas. Em sua primeira tentativa, o tentador usa da necessidade básica do homem, o alimento. "Se és o filho de Deus, manda que essa pedra se mude em pão". Em sua sabedoria, Jesus o responde: "Nem só de pão vive o homem". Em sua resposta, Cristo reage segundo a vontade de Deus sobre si, e age humanamente, e propõe a si mesmo, o jejum como forma de adoração à Deus.
Ao mostrá-Lo todos os reinos do mundo, e oferecer a Ele todo o poder à custo de ser alvo de Sua adoração, o diabo ouve como resposta: "Adorarás o Senhor teu Deus, e só a Ele servirás". Desta forma, Cristo implica a grandiosidade da oração diante do Pai. Ciente do que O havia sido ofertado, a obediência e a sinceridade de Cristo, supera o valor mundano, supera a finitude dos poderes da carne.
Na última tentação, ao ser convidado a se jogar do alto do morro, Jesus responde que não se deve tentar a Deus. Ao afirmar isso, Cristo nos propõe uma forma única de amor à Deus. É um amor que tudo supera, sem presunção ou auto suficiência, mas um amor pleno, que confia e renova no coração o respeito para com o Pai. E assim, nos ensina a compreender que o mistério divino não se propõe como teste, mas é a liberdade do homem que implica na escolha de um amor sincero, capaz de superar os horizontes das tentações, e assim ser fielmente vivido por todos nós.
Que pela intercessão da Virgem Maria, estejamos atentos ao Espírito Santo. Que a vontade do Pai prevaleça diante das circustâncias e das ilusões do mundo. Nesse tempo quaresmal, sejamos capazes de abdicar dos ideais mundanos, para que inspirados pela voz de Deus, sejamos ousados a ponto de poder ser só amor, de penitentes, com o coração humilde e contrito, sejamos tudo em Deus e por Deus.

"Tome meu coração, suplico-Lhe. Dá-me o Teu coração que é humilde, pobre, puro, obediente, manso e caridoso." Me. Agathe

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Quaresma, necessidade do cristão.

A modernidade acostuma a sociedade em geral aos vicíos mundanos, e junto, ou talvez como base para os mesmos, está a festa de carnaval. Esperada durante todo um ano, os quatro dias exigem condições para se 'curtir a festa'. O corpo, mais do que nunca, é usado como objeto, onde, estar em forma ou preparado para a bebedeira é um requisito básico para se estar pronto. Se durante todo o tempo, ser cristão, e olhar para si mesmo como tal, é uma tarefa árdua diante de tantos conceitos criados pelo mudo, é, de fato, nesses quatro dias que se sucedem um abandono total de uma relação espiritual, não de um modo total, mas em grande parcela da sociedade.
A Quaresma se inica propriamente no fim da festa do carnaval. Na quarta-feira é celebrada a Missa das cinzas, para relembrar a humanidade, que sem a graça de Deus, somos apenas pó. O tempo santo se inicia com duas indicações: "Lembra-te que és pó, e ao pó has de voltar", ou ainda, "Converte-te e crede no Evangelho". Eis portanto o sentido da Quaresma.
Os 40 dias que a Igreja nos propõe, tem como os 3 pilares o jejum, a oração e a penitência. São formas únicas de preparar o nosso ser para a Páscoa do Senhor, é o tempo de reflexão, mas principalmente de encontro. É hora de despojar-se do mundo, para encontrar algo além do mesmo. O jejum, não apenas alimentício, reforça essa possibilidade de contemplar Deus nas coisas mais simples. Consiste na possibilidade de podermos ter um coração mais sensível a graça do Pai, também ao viver na simplicidade.
A oração, costumeiramente de petição, oração vocal, é proposta no tempo Quaresmal à uma oração de silêncio. Nos dá a possibilidade de uma contemplação dos mistérios de Cristo, de 'apegar-nos' ao Senhor e conhecê-Lo mais a fundo, a fim de ter um coração como o de Jesus, que foi um modelo de oração.
A penitência é a proposta pessoal que cada um encontra de oferecer-se à Cristo. É a oportunidade humana de aproximar-se de uma forma digna do Senhor, e ter plena consciência do que agrada aos céus e fazer-se, então, diferente do mundo.
Enfim, a Quaresma é um tempo necessário para o Cristão. É um tempo de reflexão e busca. A continuidade de uma caminhada que é reforçada por essa sede de Deus, que a Quaresma nos propõe, afim de estarmos preparados para a maior de todas as festas cristãs.
Ciente de que nada somos, que ao pó retornaremos, estejamos e sejamos anciosos por Cristo. Que a busca incessante por Deus, nos dê sede de santidade, e assim, possamos contemplar a face de Cristo, com um coração humilde e manso, como ofertas vivas de amor.