segunda-feira, 25 de outubro de 2010

As Bem-aventuranças - Introdução

A nossa história junto à Deus é iniciada desde as Teofanias, onde o próprio Deus ia guiando a humanidade através de Suas revelações. Através dos profetas a Lei divina foi revelada de forma progressiva até a Encarnação do Verbo. Jesus Cristo, homoousios ao Pai - ou seja, de mesma essência - continua em sua estadia terrena, a guiar e dirigir o Povo de Deus.
No Sermão da Montanha, Jesus expõe sua coerência diante da Tradição histórica e teológica, quando em Sua fala, nos diz sobre "As Bem-aventuranças". Muitos afirmam que esse tema, é uma renovação dos Mandamentos, o que se trata de uma grande contradição diante da Palavra de Deus. Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas; não vim revogá-la, mas completá-la. Porque, em verdade vos digo: até que passem o céu e a terra, não passará um só j ou um só ápice da lei, sem que tudo se cumpra (Mt 5, 17s).

As palavras das Bem-aventuranças, traduzem uma promessa, mas acima de tudo, são palavras que nos ajudam a discernir os caminhos do Senhor, que nos revelam a Sabedoria divina. São Lucas nos mostra a disposição do Sermão da Montanha: "Erguendo os olhos aos seus discípulos..." (Lc 6, 20). São as pessoas as quais Jesus toma por família. Aqueles que, de fato, O seguem. Famintos, pobres, cansados.

Diante da perspectiva da vida, o anúncio das bem-aventuranças se tornam uma contradição. Aqueles os quais são oprimidos e fracos, são tidos por Cristo como os abençoados e verdadeiramente felizes. É a partir de aí, que Jesus insere diante da humanidade uma 'inversão de valores', dando um novo contexto a história da humanidade. Promessas escatológicas - previstas para o fim -, mas em seu contexto não se limitam ao além. São virtudes, que se praticadas, são permeáveis ao hoje, pra vida de agora.

São Paulo nos expõe a sua alegria e júbilo diante de uma vida marcada pela perseguição e humilhação. Colocado em último lugar, São Paulo experimenta a relação interior entre a cruz e ressurreição: somos entregues à morte "também para que se revela a vida de Jesus no nosso corpo mortal" (2Cor 4,11).

As Bem-aventuranças definem irrestritamente o que é o discipulado. Elas se tornam cada vez mais completas e concretas à medida em que mais completa for a entrega do discípulo ao serviço. Não é uma teoria. É algo próprio da expressão "sentir na pele". É preciso praticar e viver com verdade. O discípulo está ligado ao mistério de Cristo. Quando em comunhão; já não sou eu que vivo, mas Ele que vive em mim. As bem-aventuranças são transposição da cruz e da ressurreição para a existência do discípulo.

O sentido cristológico se revela nas bem-aventuranças. É a autobiografia de Cristo que é retratada. Cristo que não tem onde reclinar sua cabeça (Mt 8,20), é o verdadeiro pobre; Ele que de si pode dizer: vinde a mim, porque eu sou manso e humilde de coração (Mt 11,20) é o verdadeiro manso; Cristo que é puro de coração e por isso ver permanentemente a Deus. Aparece para nós de forma clara a revelação do próprio Cristo em Suas palavras, que são ainda as intruções para a Igreja, que deve reconhecer lá o seu modelo de existência.

Em seguida, outros textos comentaram a parte as Bem-aventuranças.

Baseados no livro: Jesus de Nazaré - Joseph Ratzinger (Bento XVI)

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Efésios 5, 8 - 14

"Proceder dos Filhos de Deus"

"8 Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor: comportai-vos como verdadeiras luzes."

O primeiro versículo nos remete essencialmente ao título da passagem - Filho de Deus.
Em que consiste a genealogia divina? Somos por essência, 'filhos de Adão', herdeiros do pecado original, herdeiros da desobediência humana e por conseguinte frutos do pecado. Ao receber o Sacramento do Batismo, somos inseridos nesta genealogia. Filhos de Deus, convidados à santidade. É a escuridão da humanidade iluminada pela graça de Deus, manifestada pela vontade de Deus através dos Sacramentos.

"9 Ora, o fruto da luz é bondade, justiça e verdade."

A Luz. Uma Luz que não pertence aos homens, que não se compra ou conquista, mas que gratuitamente, se recebe como graça de Deus. A Luz suprema, posta nesse mundo através do Cordeiro imolado, Jesus Cristo. Uma Luz tão forte, a ponto de nos cegar. Cegar a falsidade humana, afim de buscar puramente, a vontade de Deus.
Ao ser introduzidos no mundo como "Filho de Deus", somos iluminados pela Sua graça, essa que foi revelada por Cristo, o Sol Invictus . E ao tomar posse dessa certeza, somos impulsionados a frutificar os dons do céu: bondade, justiça e verdade.

• Bondade:
Em Lc 18, 19, Jesus nos afirma: "Por que me chamas bom? Só Deus é bom."
Então nos encontramos numa contradição ferrenha. Ao afirmarmos o nosso "Filho de Deus", somos preenchidos pela Luz divina, através do Querigma, Jesus Cristo, que nos preenche com Sua luz, mas somos, ainda humanos.
E nisso consiste a caminhada cristã. Em perceber a fraqueza humana, a ponto de render-se diante do amor de Deus, e viver assim a 'bondade'. Não como outrora, não como 'nas trevas', mas de uma forma em que a Vontade de Deus assuma o proceder humano como um todo. "Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim". Gl 2,20 . E como Deus, ser bondoso. Caridoso, aquele que sabe amar por um todo, no 'SIM' e no 'NÃO'. Ser bom é compadecer-se, não ser permissivo ou omisso.

• Justiça:
A justiça hoje, se distingue extremamente em duas etapas:
- Justiça civil: A lei do mundo. A que tenta enfiar-nos goela à baixo, que o certo, é o que o mundo secularizado nos diz. Há nela, também, os seus acertos.
- Justiça divina: As leis de Deus. Se manifestam de forma especial no 'Decálogo', na afirmação dos Dez Mandamentos que Deus nos oferece como um grande SIM à vida, ainda que uma grande parcela do mundo, tente nos mostrar isso como falha, retrocesso.
A Justiça de Deus, um dom que não cabe ao nosso querer. Não foi escrita estritamente como um roteiro, mas é no Evangelho, na vida encarnada de Cristo, que nos revela o que é ser justo. Que dignifica o viver humano.
"Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!" Mt 5,6 . Sede e fome de Cristo. A própria Justiça, aquele que revela com exatidão e coerência a forma reta de se viver. "O Homem justo, vive da fé Hab 2,4."

• Verdade:
Em tudo se consuma na verdade o sentido divino. "Com Deus, por Deus e em Deus." Nisto consiste o viver de forma sincera. Na honestidade do caminhar. Saboreando a liberdade que Deus nos dá. Porém, a liberdade é a essência do amor, e a origem do mal. Não há amor sem verdade e liberdade. Só se ama aquilo que se conhece e acredita. É assim que Deus nos ama. Tanto, a ponto de deixar com que escolhamos os nossos próprios caminhos. Trevas ou Luz.
Por que a liberdade é a origem do mal?
Há um tema chamado 'Teodicéia', onde algumas perguntas são lançadas. Talvez a mais pertinente: "Deus precisa do mal para existir?" - Pois, se existe o mal, e Deus é todo bom, como existem as tragédias e o mal? - Para que Deus use o mal como forma de grandiosidade? - Enfim ...
A liberdade - essência do amor - é a origem do mal. Liberdade que nos é ofertada, através de toda verdade que há em Deus, onde existe o processo de escolha: escolha da Verdade, do Deus Altíssimo, ou de uma farsa, a mentira humana e demoníaca, que nos impede de viver em plenitude.

"11 e não tenhais cumplicidade nas obras infrutíferas das trevas; pelo contrário, condenai-as abertamente. 12 Porque as coisas que tais homens fazem ocultamente é vergonhoso até falar delas. 13 Mas tudo isto, ao ser reprovado, torna-se manifesto pela luz. 14 E tudo o que se manifesta deste modo torna-se luz. Por isto a Escritura diz: Desperta, tu que dormes! Levanta-te dentre os mortos e Cristo te iluminará!"

Que percebamos em Cristo essa Luz tão intensa. Esse amor que supera a dor, a morte. Deixar-se iluminar pela Luz salvífica. Sair da morte do mundo, matar a carne em nós, e viver só por Amor, pelo Amor. Levantar-se, alçar voô.

"Sigo a Luz. No mistério me abandono e me deixo envolver."

O tesouro da vida.

O mundo todo parou para acompanhar o resgate dos 33 mineradores que se encontravam soterrados em uma mina de cobre e ouro. Diante da fatalidade do acidente, todo o país se concentra nas formas distintas de salvamento daquelas pessoas. Assim, foram - ou, no momento, estão - resgatados com vida.
Num país de maioria católica, colocou-se um sentido místico, onde os 33 anos de Jesus Cristo, foram postos em comparação com a quantidade de pessoas e etc.
Nunca se colocou de forma tão clara na mídia, o valor da vida. Estamos tão habituados com o abandono da vida, que se faz necessário uma tragédia para que a população em geral, se emocione e compreenda a vida de uma forma diferente.
Sim, Deus se fez presente ali em todo a todo momento. Talvez não com a referência cronológica da idade de Cristo e a quantidade de mineradores, mas Sua presença era um fato.
Uma centena de histórias se encontram ali envolvidas. Por trás dos 33, estão pais e mães, esposas, filhos e filhas. Há também o envolvimento por completo das equipes de resgate, dos engenheiros, enfim, uma quantidade imensa de pessoas.
Poderia ter sido só um. Só bastava uma vida, para que Deus estivesse ali em plenitude. Nem todo o minério daquela mina, nem todo seu ouro, teria mais valor do que qualquer um que fosse.
Que o mundo aprenda de uma vez por todas. A vida, em qualquer etapa, é a vontade de Deus. Porque, para que cada um dos 33 estivesse ali, foi necessário passar por um processo de gestação, crescimento e amadurecimento.
Seria tão 'prático' abrir mão daquelas vidas, e deixá-los apodrecer naquele buraco.
Que a compreensão humana se estenda a todos os níveis do crescimento natural da vida.
Aborto, eutanásia, métodos contraceptivos. É como deixar histórias obscuras, afundadas na escuridão da morte.
Vida é vida.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Caridade

Sâo Paulo nos adverte sobre a importância da caridade. A Palavra de Deus se manifesta de forma muito clara quando nos ensina que é o amor, e nada mais, o grande mistério da Salvação. O amor que se encontra nos maiores mandamentos, o amor que se encontra no perdão, no jejum e em tudo aquilo o que se faça em virtude do Reino.

O Papa Bento XVI em sua primeira carta encíclica, nos fala sobre o amor, retrata um "Deus que é amor". E lá, nos explica as três formas de amor, teorizadas pelos gregos.

1. Amor Eros: Amor entre homem e mulher - que não nasce da inteligência nem da vontade. Amor mundano.
2. Amor Philia: Amor de amizade. Expresso pela Evangelho como o amor de Cristo por seus discípulos.
3. Amor Ágape: Amor baseado na fé. Novidade do cristianismo.

"A caridade é paciente, a caridade é bondosa. Não tem inveja. A caridade não é orgulhosa. Não é arrogante." I Coríntios 13, 4.

No anúncio do Evangelho, estamos habituados a compreender esse amor de Cristo pela humanidade. Enxergamos e aprendemos de fato, como amar, amar até o fim. A caridade que transborda nos ensinamentos Cristo, através de Sua caminhada, milagres e morte de cruz. Sim, aprendemos o que é o amor. Algo que não pode ser ensinado como uma matéria ou como um objeto fixo de estudo, mas uma verdade que se explica no viver, no experimentar, no agir.
Com todos esses valores, a caridade transpõe as barreiras humanas, quebra as correntes do individualismo e da modernidade, e atinge, ainda aos que não aceitam, o coração do mundo. Irremediavelmente, supera a frieza mundana, e através da Igreja de Cristo, revela um amor fiel, verdadeiro.

"A caridade jamais acabará. As profecias desaparecerão, o dom das línguas cessará, o dom da ciência findará." I Coríntios 13, 8.

Por ser algo superior, que nos é conferido por graça, a caridade nunca acabará, é fato. A caridade é fruto de uma verdade. Por isso é necessário que abrangemos o nosso viver à um amor ágape. É preciso que a humanidade fundamente o seu viver na verdade que jorra da cruz, num amor precioso, que tudo suporta e é incessante, mas que pra isso, sabe dizer não.

Ágape, amor da fé. Caridade por si só não pode ser medido, não pode ser relativizado com um sentimento banal consequente aos nossos desejos. O amor é, por si só o amor. É divino, é Deus. Algo que não se molda, não se escolhe partes ou prioriza momentos. A caridade é um todo.

"Hoje vemos como por um espelho, confusamente; mas então veremos face a face. Hoje conheço em parte; mas então conhecerei totalmente, como eu sou conhecido." I Coríntios 13, 12

Viver a fé, está no dever de servir e amar ao outro. Na compreensão verdadeira do que é o amor, de tomar a caridade como um processo justo da Redenção, não como a solução dos meus anseios.
Que as confusões da humanidade não permitam que o amor seja confundido. Não deixemos que a caridade seja substituida por um sentimentalismo mesquinho, influenciado pela maneira como o mundo enxerga e nos força a enxergar os caminhos da vida.
Não, caridade não é apenas solução, é meio. Não é chegada, é caminho. Ser caridoso não implica na inconsciência de fazer o bem em ocasião do agradar ao mundo, mas agradar a verdade, que vem de Deus, que vem do amor.

"Por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade - as três. Porém, a maior delas é a caridade. ". I Coríntios 13,13.

Façamos com que a caridade incendeie o mundo. Sejamos apenas carvão. E que a graça de Deus seja o fogo.
"Amor é fogo que arde sem se ver".
Que Sua graça, ainda que não material ou palpável, seja nosso ímpeto.
Fogo que brota da cruz, do altar. Eucaristia, brasa ardente de amor.

Qui non ardit non incendit. - (Aquele que não está ardendo, não incendeia). Dom Bosco

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Medo de nada, só amor

Em sua tentativa vã de desistituir a humanidade de sua própria vida, o mundo coloca diversos obstáculos na relação entre humano e divino. Tenta de várias e todas as formas impedir que os homens se reconheçam como filhos amados de Deus e coloca-nos numa busca impulsiva para preencher o vazio natural do homem. Porém, o vazio que há dentro do homem é do tamanho de Deus.
O que custa a humanidade é deixar de ser persuadida por esse sistema frágil, que apenas explicíta um querer vinculado ao lucro, desprovido de qualquer moral e ética, constituindo uma sociedade cada vez mais afastada da essência da vida, impedindo que a graça de Deus abunde em nós.
Fugir do mundo é difícil, de fato, dá medo.
Como viver distante do consumismo, fora do eixo normal definido pela ânsia do mundo em ultrapassar os limites do corpo e da idade, onde nada mais se define como proibído, ou ainda, nada mais é visto como perigoso.
Afundados diante de tal contexto, resta ao homem lavar-se desta compreensão. Perceber que a vida vai além das questões meramente sociais e políticas, que o carro do ano ou a marca da moda, não oferecem ao homem a dignidade de sua vida. O homem tem que deixar de temer. Conceber um raciocínio mais vivo de Deus. Permitir enxergar um Deus humano, próximo, que se manifesta na grandiosidade e na simplicidade da vida, capaz de mudar o mundo, ainda que o mesmo tanto o limite, tanto o prive, mas pra Deus não há restrições.
É preciso que o homem perceba de fato o que é o amor. Esquecer esse medo de não ser aceito por aquilo que é, ou ainda o medo que o impede que descubra a si mesmo. Deixar com que a Verdade faça parte íntima da vida terrena, e mostre assim ao homem os valores do sagrado, a percepção do que de fato é viver e amar ao próximo, a si mesmo e ao Senhor Deus.
É necessário compreender que Cristo se revela de forma simples, não nas grandes conquistas aos olhos do mundo, mas vem nascido em uma manjedoura, envolto em um pano qualquer. Isso é a realidade. Não adianta mascarar o mundo e a nós mesmos, fingindo estar realizados com a superficialidade oferecida exaustivamente. Não tenhamos medo de nadar contra a maré, de deixar com que Deus seja o nosso ideal, nossa Pérola preciosa.
Não tenhamos medo de nada. Deixemos que em nós e no mundo acredite-se no amor. Esse que brota na dor, que jorra de uma cruz e que se consuma e plenifica na Ressurreição.
Sejamos firmes em acreditar n'Aquele que de fato É. Que nos mostra o caminho e nos impulsiona a caminhar numa felicidade plena, desapegada a matéria e ao fútil.
Medo de nada, só amor.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Entender o sagrado.


‘A Igreja continua o ofício sacerdotal de Jesus Cristo, sobretudo com a sagrada liturgia. E o faz em primeiro lugar no altar, onde o sacrifício da cruz é perpetuamente representado e renovado, com a só diferença no modo de oferecer; (Mediator Dei – Pio XII)’.

Renovar o Sacrifício de Jesus Cristo. A Liturgia, oração universal da Igreja, é o que traduz para a humanidade a presença real de Cristo em nosso meio e nos envolve com o divino, nos inspirando pra missão e para a santidade. Como conseguir entender isso, sem a devida reverência, sem o respeito devido numa celebração Eucarística? É Jesus que se faz presente na pessoa do sacerdote, e Ele mesmo que se dá, como pão e vinho, o Seu Corpo e o Seu Sangue, verdadeiramente. A Santa Missa é por si só cristocêntrica, não há motivos quaisquer, capaz de substituir a importância do Sacrifício de Cristo, o Cordeiro imolado para nossa salvação. Enquanto Deus, com toda sua divindade, Se oferece à humanidade, a humanidade oferece à Deus a secularização - toda a noção de sacralidade se perde por escolhas humanas, só humanas -. A Liturgia não é uma escolha. Não é um script qualquer que pode ser alterado segundo a vontade de certa comunidade, padre ou seja lá o que for. É através da Liturgia da Igreja, que Cristo se digna em oferecer pra nós a Salvação. Estejamos atentos! A Missa não é uma reunião entre amigos, ou uma confraternização. Viver o Sacrifício da cruz, é sentir as dores de Cristo, e a alegria pascal renovada em nós através da Eucaristia. Não façamos da Missa um ambiente qualquer. Estejamos sim, unidos em assembleia para glorificar unicamente a Deus, com a postura de cristãos.

“O mistério eucarístico é um «dom demasiado grande – escrevia o meu venerável predecessor o Papa João Paulo II – para suportar ambiguidades e reduções», particularmente quando, «despojado do seu valor sacrificial, é vivido como se em nada ultrapassasse o sentido e o valor de um encontro fraterno ao redor da mesa» (Enc. Ecclesia de Eucharistia, 10). Bento XVI.

In Corde Jesu, semper

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Quente ou frio?

O seguimento de Jesus tem uma série de implicações e não permite meio termo, pois exige radicalidade. Ou seguimos Jesus ou não seguimos, não existe seguimento até certo ponto ou de acordo com as minhas condições, o seguimento é incondicional. Para que isso seja possível, Jesus deve ser o valor absoluto de nossas vidas, devemos ser seduzidos por ele de modo que tudo façamos para estar com ele e realizar a sua vontade, a fim de que tenhamos coragem de, com ele, assumir a nossa cruz do dia a dia e segui-lo até onde for necessário. Somente quem tem um verdadeiro amor por Jesus e pelo Reino de Deus é capaz de viver de tal maneira.
Reflexão do site da CNBB

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Uma questão de prioridade.

O mundo se encontra numa necessidade absurda de Deus. A humanidade, ainda que não tenha descoberto, tem uma imensa sede divina. E a nós cristãos, uma prioridade se ergue desde Pentecostes, e Jesus já nos enviou a grande missão quando anunciou: "Ide por todo mundo e pregai o Evangelho a todas as criaturas".
É preciso ter a coragem de Maria. Ao construir uma analogia entre a gravidez de Maria e a presença de Cristo em nós, tomamos Ela, como 'cheia de Deus'. Ela estava em plena comunhão com Jesus, eram um só corpo, comungavam do mesmo Sangue. E assim, Maria colocou-se a serviço pleno. Ao descobrir que sua prima Izabel estava grávida, e que ela necessitava de alguma forma de ajuda, afinal, era uma senhora de médios 80 anos, Maria priorizou o servir. Conta-nos a Tradição, que para Maria chegar a casa de Izabel, se encontrasse uma caravana em primeira instância, levaria cerca de 3 dias para tal feito, mas ela foi, apressadamente.
O serviço para Maria, tornou-se uma questão de prioridade. Talvez por ela ter dito 'sim', talvez por ser uma só com Cristo.
O desafio consiste nisso. Na capacidade humana de dizer sim inteiramente à Deus. Um inteiro, que é diferente em cada ser e que é próprio da individualidade de cada um, onde o meu inteiro é diferente do seu e assim sucessivamente.
Infelizmente, tudo se coloca a frente do 'viver em Deus'. Manipulados por um sistema sistematicamente pronto ao ataque religioso, perceber-se um cristão e colocar-se no mundo como tal é sofrer. É compreender que Cristo nos oferece a Salvação através de uma cruz, e que é necessário abrir mão daquilo o que o meu ser interior diz ser prioridade, para permitir ouvir e viver a prioridade de Deus.
Se o mundo compreendesse que a prioridade é a vida, deixaria ser amado e amaria a Deus. Porém, estamos num processo tão intenso de secularização, que o mundo só consegue enxergar que a vida é um passo finito, uma contagem regressiva, onde a chegada é o morrer - digo mais, parece que quem chegar primeiro, ganha. - Sejamos firmes no nosso querer. E queiramos a Deus, e assim, o Seu querer. Porque viver é isso: é deixar simplesmente que Cristo nos ensine os caminhos, ainda que nunca os mais fáceis, e enquanto traçamos o mesmo, tragamos conosco as pessoas que amamos, conhecemos ou enxergamos, pois só assim, a paz será a paz, o amor será amor e a vida, ah a vida, será vida.
"Calo o meu querer, pra ouvir o que Deus quer ... Barco a vela solto pelo mar, vou aonde o vento do Senhor me levar."

sábado, 1 de maio de 2010

São José: No silêncio da missão.

São José, o carpinteiro, foi alguém o qual recebeu e conviveu com a vontade de Deus, desde quando sua compreensão estendeu-se além da sua humanidade. Diante das circustâncias do 'sim' de Maria, estavam aliados, não tão distantes, as consequências as quais, o 'sim' de José representaria diante da sociedade a qual viviam.
Em sua simplicidade completa, José despojou-se de si mesmo, abriu mão da tranquilidade e serenidade que havia em sua trajetória humana, e aceitou, assim, adentrar na mais perfeita aventura de amor, a de ser pai do Redentor.
A missão de José, foi encoberta pela atenciosidade de Maria e pela grandiosidade do fato consumado, do nascimento de Jesus Cristo, mas o seu empenho e seu serviço ao Reino, é um exemplo fiel de como ser um cristão sensato.
O carpinteiro deixou-se por inteiro. Aceitou sua noiva grávida, aceitou a castidade pra si, permitiu e providenciou os cuidados necessários, para que o Fruto daquele ventre, tivesse vida. Como por inspiração divina, José sabia, que daquela vida, brotaria a verdadeira Vida.
São José nos ensina, diante de um mundo secularizado, a poder enxergar a sacralidade que foi perpetuada em nossas vidas. José compreendeu a força divina, e deixou-se levar por uma força, que ainda que remasse contra a corrente, José não temeu ao mundo, apenas a Deus.
Nisso consiste o serviço. Na capacidade de encontrá-Lo de uma forma sincera, ainda que o nossos olhos tentêm impedir de enxergar-mos o sagrado de Deus em nós e no mundo, temos de ser firmes na doação pelo Reino. Entregar não só o nosso sacrifício, a nossa dor, o temor, mas entregar ao Senhor a nossa tranquilidade. Fazer do nosso tempo, o tempo de Deus. Tempo é questão de prioridade, e quando se prioriza as questões de Deus, a missão nos é oferecida pelo alto, como resposta de nossas vidas ao céu.
O serviço de José, ainda é tão disperso de si, que é no silêncio, que José nos ensina a amar. Tão próximo do Cristo, mas um dos personagens do Novo Testamento mais singelos, que soube amar por inteiro a um Deus ainda nem encarnado, mas que na sua entrega, em seu calar, e no agir com fidelidade, deixa-nos como herança o silêncio como forma de entrega.
O sacrifício por si só não é mérito de ninguém. O serviço, aliado ao sacrifício, não é mérito, apenas graça divina. É assim que São José nos mostra. Em seu silêncio, na sua simplicidade, entregar-se por inteiro, amar até o fim.
Que São José intecerda por nós junto ao seu Filho, para que saibamos amar por inteiro, sem holofotes e em distinção, porque para amar, não é preciso mostrar-se, mas entregar-se.
E se chegarmos a ser referência, se Deus nos usar como testemunho explícito, sejamos como Maria. Façamos tudo com sinceridade, com fidelidade e com a mais forte entrega que houver dentro de nós, mas, sejamos, de fato, canais que apontam para Cristo. Sejamos só o reflexo de um Deus grandioso, repleto de amor, transbordante de paz.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Qual pecado é maior?

O mundo globalizado ensina-nos diariamente a acusar o próximo. Num contexto onde ninguém tem culpa, onde tudo se esconde, e o ser humano é definido diante da sua classe social ou da perturbação que seu pecado cause diante da sociedade, somos nós culpados por tal erro. Os conceitos firmados antes da compreensão da circunstância, a facilidade e a propriedade que o homem deu a si mesmo de punir o outro e isentar-se de culpa, revela o mundo que nós vivemos.
Diante da secularização do sistema social em que nós vivemos, e alimentados por uma mídia que transformou a informação no escândalo, a sociedade aprendeu a priorizar o limite do outro como afirmação para o erro. Criou-se uma escala de pecados, onde acusar aquilo que o mundo prioriza como escândalo, tornou a sociedade incosciente do mal que realiza corriqueiramente.
Não quero aqui, minimizar os erros de ninguém, muito menos os meus, porém, se sei daquilo que sou culpado, e ainda assim, Cristo me chama a participar da Sua mesa, me convida diariamente a recebê-Lo na Eucaristia, quem sou, diante dos meus erros, para julgar o outro como pecador ou não?
O que a Igreja nos ensina, está na distinção entre pecados veniais e mortais, e não cabe a nós humanos, 'privatizar' pecados como mais ou menos escândalosos.
Sim, estou aqui tratando também dos casos de pederastia, principalmente na Arquidiocese alagoana, onde os responsáveis por tais atos, foram crucificados por grande parte da população.
Claro, nada mais justo, que os responsáveis sejam punidos diante da lei jurídica e eclesiástica, não quero eximir ninguém de culpa, porém, é preciso muita clareza quanto as atitudes outrotra tomadas por esses consagrados, e que eles também devem ser alvo da misericórdia de Deus, de Deus, não dos homens.
Não há fundamento nenhum, em tentar modelar as leis de Deus, diante da boa vontade humana. Enquanto luta-se à favor do homossexualismo, acusa-se incondicionalmente os acusados de pederastia ou pedofilia. Enquanto acusam-se cruelmente maníacos ou doentes sexuais, a sociedade esquece que a fornicação - sexo antes do casamento - também é pecado. A sociedade choca-se com as guerras, com as mortes, mas esquece que os métodos contraceptivos são aliados firmes na luta contra à vida.
Afirmo quantas vezes for necessário, deve ser punir todo tipo de crime e pecado diante da sociedade e da Igreja! Mas não sejamos hipócritas. Não deixemos que o escândalo que a mídia propõe nos faça distante do nosso próprio erro.
Se acreditamos num mundo melhor, façamos ele primeiro em nós. Se acreditamos de fato num Deus de amor, sejamos capazes de reconhecê-Lo em nossos corações antes de não encontrá-Lo nas atitudes do próximo.
"Judica me, Deus, et discerne causam meam de gente
non sancta: ab homine iniquo et doloso erue me."

Edificar-se em Cristo

Qual o tamanha do misericórdia de Deus? Ela é exatamente do tamanho de nosso pecado. Porém, por ser tão grandiosa, seria necessário que a humanidade compreendesse que o ato de maior amor e misericórdia já foi revelado, e é a cada dia, no sacrifício de Cristo, em cada Santa Missa celebrada.
Compreender a misericórdia de Deus, está na consciência humana de não permitir-se fazer uso humano da mesma. A misericórdia de Deus é um dom que transpõe o limite humano do pecado, e se dispõe a nós, a partir da propriedade que o homem é capaz de fazer da graça divina, sendo ela o poder da misericórdia, que consiste na firmeza do homem diante das tentações e do pecado como um todo.
A misericórdia divina, não se manifesta simplesmente na 'volta pra casa', no retorno ao primeiro amor, mas na certeza de que nunca se sairá do mesmo, que a caminhada será sofrida, desgastante, mas que jamais deixará de ser junto ao Pai. É necessário que o homem compreenda, que esse dom divino, está sim na plenitude do amor eterno do Pai, que nos aceita da forma que somos, mas que se revela de forma ainda mais bela, diante da capacidade humana de manter-se em comunhão com o Pai. Edificar-se junto ao Pai, é pura graça, é misericórdia. Afinal, humanos por nós mesmos, somos limitados, entregues ao pecado, filhos de Adão. Mas Deus, ao habitar em nossos corações, quer edificar a certeza da santidade, quer doar-nos a graça de sua Misericórdia, no perdão e na segurança do cristão.
É preciso aceitar a Deus como um todo. Usufruir de Sua misericórdia, não como um pretexto para aceitar o pecado, mas reconhecê-la como graça para não mais pecar.
O cristão que se propõe a viver essa intimidade com Jesus Cristo, que permite com que uma parcela do Reino dos céus, construa-se em seu coração, deve estar semrpe atento aos desafios do mundo, e é impulsionado a amar e perdoar com a ótica de Deus Pai.
Vivemos, como Igreja, um tempo difícil. Vivemos no fogo cruzado entre o pecado e o escândalo, porém, é preciso agir com a ação do Senhor. Ter a coragem de manter-se firme, pois quem habita em nós é o Glorioso, Aquele que venceu a morte, e permitir que ele viva e habite em nós. Se somos frutos de Sua Misericórdia, sejamos também seres misericordiosos. Deixemos que Deus ame por nós. Deixemos que Ele nos ensine a perdoar, a encorajar próximo e só assim produzir frutos dignos da horta do Senhor.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Contemplar a Deus no mundo.

O mundo esqueceu de amar. Vivemos num processo constante da inversão do sagrado em nosso meio, onde a instantaneidade tomou conta de todos os setores do meio social, desde as experiências juvenis, às decisões tomadas por grandes potências mundiais.
Vivemos cercados de problemas, afogados em medos e mágoas, e as circunstâncias tendem às ruínas, pois, o homem faz pouco caso da realidade que está consumada em nosso meio.
A necessidade humana do 'agora', imprime uma exigência completamente mundana, onde as iniciativas, terminam por si só, em difundir de forma mais extensa e complexa o mal diante do mundo.
A Igreja, a serviço e a exemplo de Cristo, ao anunciar o Evangelho, propõe ao mundo, uma valorização do ser humano como um todo, de seu habitat, e de toda espécie de relação, proteção e dignididade huamana. Porém, para o mundo, afundado num consumismo em constante crescimento e no capitalismo ilimitado, o ser humano, o meio ambiente, nada importa. As situações precisam ser resolvidas hoje, sem cuidado algum, sem valorizar o ideal para o qual o homem foi criado.
"A glória de Deus é o homem vivo", e é por esse ideal que a Igreja luta constantemente durante toda sua existência. A complexidade de uma deficiência social, não pode e não deve ser resolvida com remédios que se tornam uma fuga da realidade nua e crua.
Remédio só a um. Jesus Cristo. Remédio que se encontra na Eucaristia, na oração, no amor ao próximo. Mas como entender Jesus como remédio, se o mundo sofre tanto, chora tanto?
Contemplar Jesus Cristo nos dias atuais, reflete exatamente na capacidade humana de olhar para o próximo de uma forma caridosa. Orar exige o agir. É o ímpeto para a humanidade em oferecer ao próximo algo além da cura física, mas, sim, oferecê-lo a consciência de um valor além do que a sociedade imprime sobre tal questão ou sociedade.
A perseguição a Igreja, se dá exatamente por sua atitude salvífica. Por contemplar Deus em tudo e em TODOS, o olhar caridoso para todas as parcelas da sociedade, e para todo tipo de enfermidade e crime contra à vida, contraria os princípios de um mundo distorcidos de valores humanos.
Quer se resolver AIDS com preservativos, quer se esvaziar hospitais com eutanásia, a pobreza do mundo com o aborto. O homem foi criado muito além da fuga do problema social. Preservativos, leitos vagos e baixa taxa de natalidade, não dá ao mundo responsabilidade, coerência ou muito menos vida.
Sejamos capazes de oferecer ao próximo um olhar diferente. Sejamos capazes de enxergar a Deus no sofrimento do próximo, do pobre, do doente e do marginalizado. Não é o esconder circunstâncias que privará a sociedade da desproteção humana.
Aprendamos a olhar como Cristo. Sejamos capazes de curar o mundo como um todo. Não a situação, não as circunstâncias
Deus está em tudo e em todos. Tenhamos um olhar mais atento para Deus que se manifesta nas mais adversas e diversas situações.

Um só corpo em Cristo Jesus.

No sacrifício do calvário a Unidade foi firmada por completo. O preciosíssimo Sangue de Jesus Cristo, derramado por toda humanidade, tornou-nos dignos de participar da Vida Eterna e expôs, ainda que no maior dos sofrimentos humanos, o prazer de estar em comunhão com o Pai, afim de ser um só com Ele.
Jesus Cristo nos ensina com sua Paixão a amar até o fim. Explica-nos não só no Calvário, mas durante toda sua trajetório humana e revela o que de fato é amar, e o que é amor, e na simplicidade do viver, no despojamento material e na renúncia ao pecado explicíta a coerência do Evangelho, a vontade de Deus.
A experiência de Cristo, sua doutrina e Paixão, não couberam no tempo. Onisciente, Cristo deixou-Se na Eucaristia pelo magistério de Sua Santa Igreja, onde Aquele que doou-se por inteiro, quis deixar-Se como herança e faz-Se vivo durante toda nossa existência, até que retorne ao nosso meio.
A união entre humano e divino se dá em cada Santo Sacrifício renovado, quando celebramos e revivemos na Santa Missa o sacrifício salvífico de Deus, nos unimos por completo ao Pai, Aquele que é Alfa e Ômega e nos ensina através de cada Eucaristia, pelo alimento de Sua Palavra eterna e do pão e vinho consagrados, Corpo e Sangue de Nosso Senhor, que se une a humanidade e torna-se o ímpeto na busca pela santidade.
Ser cristão é assumir a responsabilidade do ministério de Cristo. Deixar-se ser contemplado com o prazer do céu, unir-se por inteiro com Aquele que é, ainda que o sofrimento seja o caminho, ainda que a cruz seja o primeiro passo para assumir e receber Cristo como o Ideal.
Ser um só com Deus. O Corpo de Cristo em meu corpo, o Sangue de Cristo em meu sangue, o Coração de Cristo em minha miséria. Persistir na luta e busca pela santidade. Unido ao Rei celestial, sejamos impulsionados a anunciar a Sua Palavra e difundir o Seu amor eterno, que nos é ofertado através da Eucaristia, e assim façamos de Cristo eventualmente mais amado e conhecido.
Ser um só com Deus. Aceitar-se como plano e sonho de Deus, rasgar o véu de nossos corações, para que sejamos sacrários vivos, para que sejamos morada do Sagrado, pois, só assim, deixaremos transbordar a graça de Deus, que quer Ser Tudo em todos.
"É certo outra vez o véu vai se rasgar, e como no Calvário, tua vida doar."

quarta-feira, 14 de abril de 2010

O Batismo ontem, hoje e sempre.

Unidos através da graça divina, somos um só corpo, e convidados à santidade pelo sacramento do Batismo. Cristo, em sua Ressurreição gloriosa, ao vencer a morte, nos insere no contexto da Salvação. Somos a realidade de Deus. A Ressurreição por si só, é o ápice do cristão, o ideal como um todo, encontra-se ali, na Redenção. Por assim ser, pertencendo a este Corpo, somos instruídos por Cristo a renunciar daquilo que somos, renunciar ao pecado, e assim, formarmos um só Corpo com Deus Pai, o que pela graça do Batismo, nos é oferecido e exigido por Deus.
Cristo, que vencendo a cruz, dá-nos a vida, acende em nós a chama da conversão. A Páscoa de Cristo é o princípio da vida de toda humanidade, e por essência, a do cristão. É a partir de então, ao encontrar a Vida em nossa vida, somos [ou devemos] ser impulsionados pela grandiosidade do altíssimo. É preciso deixar-se ser contemplado pela essência pascal, que nos ensina a 'amar até o fim'.
Em sua conversa com Nicodemos (Jo 3, 1-20), ao ser questionado sobre "Como posso nascer de novo?", a resposta de Jesus é muito clara: eis que somos convidados todos, a esta santidade, ao processo sincero de conversão, através do Batismo, que neste tempo pascal, Cristo quer renovar e instigar, dentro de nossos corações.
Esta é a nossa verdade. Assumir o compromisso fiel com o Redentor. Celebrando a Páscoa de Cristo, deixemos que nossa páscoa se faça na Páscoa do Pai, e que a Páscoa de Cristo esteja também na nossa. Testemunhar e viver a graça de Deus, o processo constituido no serviço, no amor ao próximo, na compreensão do Cristo que se faz vivo em cada Eucaristia, e que se deixa encontrar em cada ministério, ainda que com seus mistérios, o que nos dá o sabor do 'encontro' verdadeiro com Jesus.
"Se vos tenho falado das coisas terrenas, e não me credes, como crereis se vos falar das celestiais?" (Jo 3, 12). Que o nosso discernimento sobre as coisas de Deus, não se mostrem como obrigação. Que as responsabilidades do cristão, estejam acima dos escândalos, das calúnias e das verdades, e que a nossa fé, esteja entregue em Jesus Cristo, que se digna em manifestar-se através de sua Igreja, Santa e Una.
Compreender as coisas de Deus, anunciar e proclamar com a vida o chamado e a unidade com o Pai. Assumamos o nosso Batismo como filhos do alto, não como um episódio necessário diante da sociedade.
Que a oração nos inspire, a Eucaristia nos sustente e a Ressurreição nos motive a sermos testemunho do Deus vivo, que possamos nos abrir por inteiro para amar até o fim.
"A Páscoa de Cristo em minha páscoa, a minha páscoa na Páscoa de Cristo."

Sobre o sacerdócio...

Postado por Guilherme Freire

Sobre o sacerdócio...

Até 19 de junho de 2010 somos convidados a viver o Ano Sacerdotal. O Corpo de Cristo,que é a Igreja, com todos os seus membros é levada a contemplar tão grande mistério: homens que abdicam de suas vidas por amor ao Reino. Ao mergulhar na proposta, nós, que somos chamados pelo batismo à santidade, temos a oportunidade de olhar de uma maneira especial para o sacerdote e entendermos a verdadeira importância do padre. Reza a lenda que São Francisco de Assis dizia: “Se me encontrasse pelo caminho com um sacerdote e um anjo, saudaria primeiro o sacerdote e depois o anjo. Por quê? Porque o sacerdote é quem nos dá Cristo na Eucaristia”. Através de cada sacerdote o Filho continua a sua obra de salvação do mundo. A Igreja desde sua origem é impulsionada pelo Espírito de Deus a ter em seu meio pessoas escolhidas pelo próprio Pai, para servirem com todo o seu ser ao projeto de Jesus. A firmeza das mãos que consagram, a delicadeza da fala que alivia a dor das ovelhas perdidas são essencias para a formação de um povo Santo, apesar de pecador. Jesus Cristo ,sacerdote único e perfeito, nos convidou a partir da sua Última Ceia, por intermédio da instituição da Eucaristia, a sermos seus discípulos missionários e fazer da nossa vida uma oferenda de amor em memória do próprio Jesus, porém, escolheu doze para estar diretamente ligado ao seu coração, sentir seus sentimentos,agir com suas ações, a quem Ele deu o nome de apóstolos :"Ele chamou para si os seus discípulos, e deles escolheu doze, a quem chamou de apóstolos" (Lc 6,13). Existiram treze apóstolos, os doze discípulos de Jesus e Paulo de Tarso, que tinham como missão anunciar o Evangenlho, a vida de Cristo ,inicialmente aos Judeus e, posteriormente, a todos os gentios, a partir de Pentecostes, cheios da força do Espírito Santo. Esses homens começaram a falar em nome de Deus e pregavam sem medo. Em meio a tantos escândalos podemos estar cheio de questionamentos sobre o sacerdócio, porém, o que não devemos esquecer é que antes de tudo, o padre é um ser humano, como já mencionei, santo,pela força do Espírito que sopra na Igreja, mas pecador ,por conta de sua condição natural. Olhar para dentro de si e perceber que nossos pecados podem não ser escandalosos ou anunciados tão abertamente como o de homens que vivem em exposição diante da comunidade, mas que são tão errados quanto, [afinal não há uma 'escala' de pecados, ou são veniais ou são mortais] como os últimos anunciados pela mídia, nos faz recordar da história da prostituta: sendo amada pelo Cordeiro do Pai, que utiliza sua Misericórdia infinita para devolver ao seu rebanho o brilho essencial , e lançarmos mão das pedras que condenam para melhor viver o mistério da Misericórdia do Pai. Tenhamos em nossos corações a admiração e o respeito à todos os consagrados, aos ministros do altar e, apoiemos a sua missão, como um corpo único que luta e vive em busca da salvação no Cordeiro Ressuscitado!

terça-feira, 16 de março de 2010

Intimidade em Jesus Cristo.

Nas relações corriqueiras de nosso cotidiano, esbarramos na hipocrisia declarada como forma de princípio nos relacionamentos, sejam eles profissionais ou casuais e ,repetidamente, nos deparamos com a frieza humana, e com os interesses mundanos à flor da pele, incitando na sociedade um desejo descabido de conquista e poder. Nas projeções criadas por nós a nível de evolução, seja na empregabilidade ou na formação pessoal, há uma grande iniciativa de ir mais alto. Essa busca, que muitas vezes, vem se tornando uma disputa desumana, onde não se comunga mais de um espírito de partilha e crescimento mútuo, mas a ganância corrompe todos os princípios cristãos, a fim de que a conquista ocorra constate e individualmente.

Assim também aconteceu com os discípulos. Muitas são as passagens bíblicas onde os seguidores de Jesus discutiam entre si, para saber qual, dentre eles, era o maior. "O que vocês discutiam pelo caminho?". Essa é a pergunta que Deus nos faz. O que nós buscamos em nosso caminho? Qual o nosso ideal? Os nossos valores cristãos permanecem diante das ofertas do mundo?

No convite que Jesus nos faz à conversão nesse tempo Quaresmal, está incluido nesse contexto, as nossas relações pessoais, a forma como o nosso testemunho faz com que a graça de Deus possa transbordar mundo a fora. Ao permitir-se à conversão, o ser humano, automaticamente, entra num processo de aprofundamento na doutrina de Cristo, e nessa caminhada frutuosa, a intimidade com o Pai, nos leva a compreensão daquilo que realmente nos faz viver.

Os 12 discípulos caminharam cerca de 3 anos com Jesus, e diariamente, aprofundavam-se no amor de Deus, com a construção de uma intimidade com o Redentor. A cada dia, em cada milagre, e exortação de Cristo, o coração de cada discípulo se aguçava em busca da santidade, e assim, proclamavam e tinham como testemunho a graça de Deus. É essa compreensão que precisamos ter dentro de nós. O convívio íntimo com Ele é o único capaz de preencher-nos de sabedoria, de fazer com que o nosso coração saiba o que é amar e servir com dignidade.

Na anúncio de sua Paixão, Jesus reunido com seus discípulos, com aqueles que tinham para com Ele intimidade, abriu o coração, e os revelou o caminho da Salvação. "Depois de ir e vos preparar um lugar, voltarei e tomar-vos-ei comigo, para que onde eu estou, também vós estejais." Jo 14, 3.

Enquanto ainda estivermos no mundo, sejamos sempre dispostos a estar em ativa ligação com Cristo. Que sejamos íntimos do Salvador, para que possamos, também, sermos aguardados pelo Senhor nos céus, para que Ele sinta-se à vontade para nos revelar os Seus mistérios. Inspirados pelo amor de cruz do Santo dos santos, sejamos firmes na nossa vocação. Que assumamos o nosso batismo, e nossa caminhada. Que os valores do mundo, não nos tire a possibilidade de encontrar Jesus, de afundar-se n'Ele, para que sejamos um só, para que Ele viva em nós. Sustentados pela Eucaristia, sejamos orantes, vigilantes, e nos entreguemos por um amor maior, por Aquele que renunciou a si mesmo, só por amor.

sábado, 6 de março de 2010

A quem serve teu coração?

Servir-se do dinheiro ou servir ao dinheiro? Antes de abordar a fundo a campanha da fraternidade, é preciso fazer juízo ao tempo quaresmal, e ao olhar interiormente, descobrirmos o nosso ideal. Ao que nós buscamos? Em que nós cremos?
A Igreja, junto a sabedoria do Espírito Santo, iniciou mais uma vez a campanha da fraternidade, trazendo como tema a passagem bíblica: "Vocês não podem servir à Deus e ao dinheiro". No mundo moderno, a economia é parte intrínseca de nossas vidas, não há relação social alguma hoje, sem a presença do dinheiro.
Eis aí o grande 'x' da questão. Santo Inácio nos ensina que tudo o que foi criado, nos é oferecido para que alcançemos a Deus, e sabiamente conclui Me. Agathe: "Não se apegue a coisa alguma, pelo amor de Deus." Vivemos num mundo capitalista, voltado para os bens de consumo, para o desenvolvimento industrial, e todo o nosso cotidiano, nos traz a consciência que o dinheiro é necessário, e de fato, é. Escolaridade, saúde, consumo básicos, tudo requer do mundo algum tipo de investimento. Porém, a consciência cristã que nos é apresentada, vai além da materialidade e das formas de conquista, mas somos convidados e interpelados por Deus, a sermos sinais de Seu amor, diante de todas as circunstâncias, e dessa forma, estarmos sempre atentos a Sua vontade, e descobrir em todos os aspectos da vida, uma forma digna de encontrar com o Pai. Essa é a grande diferença do cristão em meio ao mundo. Reconhecer aquilo que é fundamental, e privar-se dos exageros da sociedade, dá ao homem a capacidade de se conceber divino, de contemplar em si, a grandeza do Criador, que se manifesta de todas as formas, aonde quer, sem custo algum.

O servir a Deus que a campanha aborda, está fixado na conclusão do ser humano, que as coisas do céu estão acima das nossas vontades. Que o desejo puro, desvirtuado, não só economicamente falando, mas dos vicíos em geral, são a realidade que constrói a personalidade e a conduta de tal ser. O cristão, sensível as 'coisas de Deus', transforma aquilo que há de mais simples na grandiosidade da vida, e aquilo que aos olhos do mundo é grandioso, se torna um nada, visto que as situações nos levam a compreensão de que a divindade está além das aparências. Permitir-se servir a Deus, consolida em nós essa certeza. De que o essencial, não se baseia em um materialismo insconsistente, nem na radicalidade do perder tudo. Servir a Deus, está na compreensão da continuidade da construção do Reino dos céus. O processo de santificação, não se constrói a partir de ideologias, como o socialismo e o marxismo, que tem por objetivo nos obrigar a perder tudo, sem o sentido divino. É preciso sim despojar-se, rasgar o véu que cobre os nossos corações, a fim de que sejamos completos por aquilo que Deus nos concede. Compreender na graça do 'ter', a propriedade de 'ser' junto ao outro, em viver a caridade sincera.

Que a sabedoria divina, nos ensine a sermos atentos a riqueza dos céus. Que em nosso viver, possamos ter o equilíbrio em nossa consciência, baseados naquilo que realmente é o nosso Ideal. O ter pelo ter, ser por ser, viver por viver, não nos constrói em nada. A magia da vida se encontra na capacidade humana de enxergar Deus nas coisas mais simples, no dia-a-dia, na pobreza dos nossos corações. Que na nossa vida, aprendamos a servir só a Deus, junto a nosso dinheiro, matrimônio, ordem, missão etc. Sejamos só d'Ele, e que tudo o que foi por Ele criado, nos leve cada dia mais alto, sempre mais próximo do Pai.

"No Evangelho encontrais a luz divina, não no supérfluo, na ganância e na ambição."

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Santa Missa - A Tradição que leva ao Pai.

Ao se abordar como tema a liturgia nos tempos atuais, nos deparamos com incoerências diversas em paróquias e celebrações. Gostaria de inicar o texto com a frase do Santo Padre Bento XVI que se encontra no Motu Proprio Summorum Pontificum, no qual Bento XVI torna válida a celebração do Rito extraordinário - vide post anterior -. "Sempre foi preocupação dos Sumos Pontífices até o tempo presente, que a Igreja de Cristo ofereça um culto digno à Divina Majestade ‘para louvor e glória de seu nome’ e ‘para nosso bem e o de toda sua Santa Igreja’.”
Sendo o rito ordinário (Missal de Paulo VI), hoje o modo comum da renovação do Sacrifício de Cristo, é nele que encontramos diversos erros litúrgicos, em sua maioria, fruto de uma má interpretação das regras litúrgicas e da incompreensão dos fiéis leigos sobre o que se celebra.
Vale ainda ressaltar, qua a compreensão do rito sagrado de uma forma mais tradicional, não implica num tradicionalismo, mas na afirmação do Credo, na certeza de que a nossa fé se concretiza nas Sagradas Escrituras, no Magistério e na Tradição, por isso somos católicos.

Desde o início de seu pontificiado, o papa Bento, tem ressaltado a importância do respeito à liturgia, da coerência com a Tradição, para que se ofereça à Cristo, um Sacrifício digno de santidade. Depois do Concílio Vaticano II, foi definido que o rito da Santa Missa deveria ter uma participação maior dos fiéis, para que se soubesse aquilo que se celebrava, afinal o latim não era compreendido por todos, em sua totalidade. Dessa forma, além das mudanças no próprio ato de se celebrar, foi se permitido a inculturação/aculturação nas regiões onde o latim não era conhecido de forma nenhuma, ou total. A partir daí, tivemos o Rito Romano, traduzido para as línguas diversas, o que causou uma falsa ideia, onde o Rito Romano virou algo subjuntivo as inculturações, o que deveria ser exatamente o oposto.
Os erros de compreensão da liturgia, nos faz cometer alguns equívocos, além dos próprios sacerdotes, infelizmente, desobedecerem algumas normas do Rito Romano.
Está em andamento uma reforma litúrgica (na verdade, reforma da reforma), e já é ordenado pelo Vaticano que se alterem algums equívocos.
Por exemplo, na hora da consagração do vinho no Sangue de Cristo, o sacerdote proclama:
"- [...] Tomai todos e bebei, este é o cálice do meu sangue, o sangue da nova e eterna aliança que será derramado por vós e por MUITOS para remissão dos pecados [...]".
O 'por muitos' ressalta a liberdade do ser humano, e a prioridade da sua escolha em aceitar o Cristo ressucitado e o fato da Salvação não ser um processo 'automático'.
Outra novidade é a celebração 'Versus Deum', onde o sacerdote se volta para Deus, e não 'para o povo', afinal a Santa Missa é celebrada diretamente para Deus, independente da posição que esteja voltado o sacerdote, e não para 'o povo', como se errôneamente é imaginado por alguns leigos.
A maneira de se receber a Santa Eucaristia, hoje recebida na mão, foi alertada pelo Santo Padre, para que seja recebida diretamento na língua e de joelhos. A Eucaristia é motivo de adoração perpétua, o Cristo vivo e ressucitado não deve ser visto ou 'pegue' de qualquer maneira. E sim, recebê-Lo diretamente na língua e de joelhos, é uma forma de fazer-se humilde diante do Senhor, de adorá-Lo de uma forma digna e contínua.

É justo que compreendamos de uma forma mais digna o mistério da Eucaristia, mas que tenhamos como prioridade em nossos corações a caridade. Que estejamos sempre prontos a receber a Deus vivo e assim torná-Lo eventualmente mais conhecido no mundo. A responsabilidade do cristão se dá além do mistério metafísico. É preciso reconhecer Cristo em tudo, é justo olhar para o mundo com a óptica do Redentor, e uma vez conhecida a sua Vontade, transbordá-la, afim de que todo o mundo se renda a grandeza do Criador.

"Ter uma perfeita harmonia, entre a doutrina e o viver."

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Sacralidade, uma escolha divina.

Segue abaixo um texto auto-explicativo, de escrita muito pertinente sobre as formas litúrgicas de celebração, o rito ordinário e o rito extraordinário.

Deus, só.

"O rito extraordinário e a reforma da reforma
Postado por Rafael Vitola Brodbeck


Com o Motu Proprio Summorum Pontificum, Papa denominou o rito romano antigo de “forma extraordinária do rito romano”. Qual o sentido dessa expressão?
Antes de tudo, cumpre salientar que a forma extraordinária, ou rito antigo, ou rito tradicional, ou Missa tridentina, está em pé de igualdade com a forma ordinária, assegura o mesmo Papa. Segundo a Cúria Romana e pronunciamentos do Pontífice, ela deve ser amplamente promovida e difundida, os Bispos não lhe podem empecilhos, todos são convidados a celebrá-la ou assisti-la etc.
É lícito, ademais, argüir que essa forma extraordinária contém elementos que talvez não devessem ter sido removidos quando da reforma litúrgica de Paulo VI, ou que ela representa melhor a nossa cultura que não é puramente romanas, mas mesclada com os elementos culturais galicanos e, enfim, se encaixa mais perfeitamente na esteira do desenvolvimento harmônico da liturgia...
Todavia, esse modo de celebrar o rito romano como celebrava a Igreja latina até 1970 é hoje uma forma extraordinária, não a ordinária. O que quer dizer o Papa com isso?
Podemos difundir a forma extraordinária. Podemos amar a forma extraordinária. Podemos querer que a forma extraordinária esteja em todas as dioceses. Mas, além disso, é preciso promover a forma ordinária bem celebrada, justamente porque ela é, ordinária, comum, usual, majoritária. Aliás, o Papa fala de mútua influência entre as formas, e um dos modos disso acontecer é justamente popularizando a Missa antiga para que aqueles que celebram mal a Missa nova possam fazer uma comparação e se empenhar na correta celebração também dessa nova.
Com o tempo, por uma “reforma da reforma” que seja orgânica, é bem possível que elementos antigos da Missa e extirpados nos anos 70, hoje encontrados na forma extraordinária, sejam reincorporados ao rito usual de Paulo VI. Teríamos, assim, no futuro, um rito romano unificado, com textos, rubricas e cerimônias das duas formas: “o melhor” dos dois Missais, diríamos em linguagem popular.
Antes que isso acontece, e independentemente de acontecer, o indulto universal para a forma extraordinária deve, além de favorecer um espírito de tolerância entre os diversos grupos presentes na Igreja – tolerância essa que deve conduzir à caridade fraterna e aceitação plena –, criar condições para que o esplendor e a sacralidade – normais na forma extraordinária justamente porque, além de contar com rubricas mais precisas e detalhadas, ela é a procurada por católicos insatisfeitos com a verdadeira bagunça ritual na maioria das paróquias – sejam “populares” também na forma ordinária.
Quem vê a Missa celebrada pelo Papa, ou as Missas dos Legionários de Cristo, dos padres do Opus Dei, dos Cônegos Regulares de São João Câncio, dos Missionários Franciscanos do Verbo Eterno, dos Franciscanos da Imaculada, e de uma série de mosteiros beneditinos e cistercienses, encontra uma forma ordinária, moderna, do rito romano, bem celebrada, com sacralidade, respeito às rubricas, latim, incenso, padre eventualmente versus Deum, e o adequado esplendor litúrgico. Uma Missa assim não afasta os que procuram a forma extraordinária para fugir ao caos – ainda que possam torcer o nariz também para ela alguns mais radicais daqueles que preferem a Missa antiga por razões teológicas, criticando a nova por supostos defeitos. Também não afasta os que preferem a Missa antiga e a consideram mais adequadamente transmissora do ensinamento eucarístico, mas respeitam a nova e sabem-na não só válida, como lícita, legítima e santificante – como é o caso da Administração Apostólica, da Fraternidade São Pedro, do Barroux, dos redentoristas transalpinos de Papa Stronsay, do Instituto Cristo Rei etc.
Promover que a Missa, na forma ordinária mesmo, seja celebrada conforme as rubricas – e isso não deixa de ser uma aproximação externa entre as duas formas – é também fazer o que pede o Papa.
O rito extraordinário é isso: extraordinário. Façamos sua promoção! Mas não esqueçamos de promover o ORDINÁRIO, o comum que encontramos nas nossas paróquias, para que seja melhor celebrado. Pouco adianta termos, lado a lado, uma excelente e piedosa Missa tridentina, e uma Missa nova mal celebrada, desdenhosa do latim, do incenso, do versus Deum e do gregoriano, com padres sem casula, sem sacralidade e sem amor às rubricas... A Missa antiga não é a “versão da Missa para conservadores” e a nova também não é a “versão para os que aceitam a bagunça”. Se a forma extraordinária deve ser difundida, a forma ordinária, tal como celebrada hoje na imensa maioria do Brasil, deve ser reconduzida ao lugar em que figura no Missal. Se a extraordinária precisa ser promovida, o modo como se oferece a ordinária na grande maioria das paróquias brasileiras deve ser corrigido.
Queremos não só a Missa tridentina... Queremos, na Missa nova, na forma ordinária, nessa que temos nas nossas paróquias, a Missa do Missal! Não é só em Roma, ou só os legionários, ou só a Obra, ou só monges, que devem celebrar a forma ordinária com sacralidade e fausto...."


Bibliografia: www.salvemaliturgia.com

domingo, 21 de fevereiro de 2010

1º Domingo da Quaresma

O Evangelho no primeiro domingo da Quaresma - Lucas 4, 1-13 - vem à confirmar o propósito que esse tempo santo nos ensina. O tempo de 40 dias é vivido também por Jesus no deserto, já que outrora esse mesmo tempo já havia sido vivido por Moisés e o profeta Elias. A 'quaresma' de Cristo se passa logo após o seu batismo, e como diz o evangelista: "Jesus, cheio do Espírito Santo". Em estado de graça, Ele se fez humano, e sofreu como tal as tentações do demônio.
Hoje, nesse tempo de reflexão e aprofundamento na caminhada com Cristo, somos convidados por Ele, a estarmos atentos ao frutos de Sua graça. A Quaresma nos ensina a calar, a ouvir no coração a vontade do Pai, e assim, como Cristo, a estarmos centrados diante da certeza de Deus.
O desafio que o mundo moderno nos propõe, estão em concordância com as tentações que Jesus sofreu no deserto. É o consumismo, a distância do Pai, o 'ruído' do mundo, que nos afastam do silêncio santo de Deus. É diante de todos esses obstáculos, que Cristo nos fortifica através da oração, da penitência, e da Eucaristia, à vivermos em sintonia com a vontade de Deus, e atentos a isso, renunciarmos a proposta falível do mundo.
As tentações do demônio se fazem, segundo o Evangelho, em três etapas. Em sua primeira tentativa, o tentador usa da necessidade básica do homem, o alimento. "Se és o filho de Deus, manda que essa pedra se mude em pão". Em sua sabedoria, Jesus o responde: "Nem só de pão vive o homem". Em sua resposta, Cristo reage segundo a vontade de Deus sobre si, e age humanamente, e propõe a si mesmo, o jejum como forma de adoração à Deus.
Ao mostrá-Lo todos os reinos do mundo, e oferecer a Ele todo o poder à custo de ser alvo de Sua adoração, o diabo ouve como resposta: "Adorarás o Senhor teu Deus, e só a Ele servirás". Desta forma, Cristo implica a grandiosidade da oração diante do Pai. Ciente do que O havia sido ofertado, a obediência e a sinceridade de Cristo, supera o valor mundano, supera a finitude dos poderes da carne.
Na última tentação, ao ser convidado a se jogar do alto do morro, Jesus responde que não se deve tentar a Deus. Ao afirmar isso, Cristo nos propõe uma forma única de amor à Deus. É um amor que tudo supera, sem presunção ou auto suficiência, mas um amor pleno, que confia e renova no coração o respeito para com o Pai. E assim, nos ensina a compreender que o mistério divino não se propõe como teste, mas é a liberdade do homem que implica na escolha de um amor sincero, capaz de superar os horizontes das tentações, e assim ser fielmente vivido por todos nós.
Que pela intercessão da Virgem Maria, estejamos atentos ao Espírito Santo. Que a vontade do Pai prevaleça diante das circustâncias e das ilusões do mundo. Nesse tempo quaresmal, sejamos capazes de abdicar dos ideais mundanos, para que inspirados pela voz de Deus, sejamos ousados a ponto de poder ser só amor, de penitentes, com o coração humilde e contrito, sejamos tudo em Deus e por Deus.

"Tome meu coração, suplico-Lhe. Dá-me o Teu coração que é humilde, pobre, puro, obediente, manso e caridoso." Me. Agathe

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Quaresma, necessidade do cristão.

A modernidade acostuma a sociedade em geral aos vicíos mundanos, e junto, ou talvez como base para os mesmos, está a festa de carnaval. Esperada durante todo um ano, os quatro dias exigem condições para se 'curtir a festa'. O corpo, mais do que nunca, é usado como objeto, onde, estar em forma ou preparado para a bebedeira é um requisito básico para se estar pronto. Se durante todo o tempo, ser cristão, e olhar para si mesmo como tal, é uma tarefa árdua diante de tantos conceitos criados pelo mudo, é, de fato, nesses quatro dias que se sucedem um abandono total de uma relação espiritual, não de um modo total, mas em grande parcela da sociedade.
A Quaresma se inica propriamente no fim da festa do carnaval. Na quarta-feira é celebrada a Missa das cinzas, para relembrar a humanidade, que sem a graça de Deus, somos apenas pó. O tempo santo se inicia com duas indicações: "Lembra-te que és pó, e ao pó has de voltar", ou ainda, "Converte-te e crede no Evangelho". Eis portanto o sentido da Quaresma.
Os 40 dias que a Igreja nos propõe, tem como os 3 pilares o jejum, a oração e a penitência. São formas únicas de preparar o nosso ser para a Páscoa do Senhor, é o tempo de reflexão, mas principalmente de encontro. É hora de despojar-se do mundo, para encontrar algo além do mesmo. O jejum, não apenas alimentício, reforça essa possibilidade de contemplar Deus nas coisas mais simples. Consiste na possibilidade de podermos ter um coração mais sensível a graça do Pai, também ao viver na simplicidade.
A oração, costumeiramente de petição, oração vocal, é proposta no tempo Quaresmal à uma oração de silêncio. Nos dá a possibilidade de uma contemplação dos mistérios de Cristo, de 'apegar-nos' ao Senhor e conhecê-Lo mais a fundo, a fim de ter um coração como o de Jesus, que foi um modelo de oração.
A penitência é a proposta pessoal que cada um encontra de oferecer-se à Cristo. É a oportunidade humana de aproximar-se de uma forma digna do Senhor, e ter plena consciência do que agrada aos céus e fazer-se, então, diferente do mundo.
Enfim, a Quaresma é um tempo necessário para o Cristão. É um tempo de reflexão e busca. A continuidade de uma caminhada que é reforçada por essa sede de Deus, que a Quaresma nos propõe, afim de estarmos preparados para a maior de todas as festas cristãs.
Ciente de que nada somos, que ao pó retornaremos, estejamos e sejamos anciosos por Cristo. Que a busca incessante por Deus, nos dê sede de santidade, e assim, possamos contemplar a face de Cristo, com um coração humilde e manso, como ofertas vivas de amor.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Bodas de Caná

Os sinais da Redenção se externam através da vivência de Cristo, onde são revelados - no Evangelho segundo São João - sete sinais que nos preparam para a morte de cruz. Porém, são nas bodas de Caná o princípio de todos os sinais, é lá que Jesus afirma sua vocação, seu primeiro milagre e nos ensina a manter-nos obedientes, a perseverar na fé e "sofrer as demoras de Deus" (Ecl 2,3).
Fica claro o papel do cristão desde o "vigiai e orai" (Mt 26, 41) à manter-se obediente, a confiar na certeza do alto. “Mulher, por que dizes isto a mim? Minha hora ainda não chegou” (Jo 2, 4) - A "hora" de Jesus é a resposta à sua vocação, é a fidelidade de Cristo se expondo à humanidade, onde diante de sua mãe - Maria - o Messias afirma a sua divindade ao propôr ali o motivo da encarnação do Verbo.
Ao fazer uma análise histórica, ao analisar toda a questão sócio-cultural da época, - exegese canônica - o fato de acabar a bebida durante uma festa era visto como um escândalo e seria uma desonra para os noivos e certamente o fim da festa. Importante ainda ressaltar a instituição do sacramento do Matrimônio durante as bodas de Caná, o símbolo de um sacramento mais alto do que a união carnal de um casal, mas são as núpcias de Cristo com a Igreja. "Pois assim como o marido e a mulher têm filhos segundo a carne, assim Cristo e a Igreja geram os filhos de Deus."
Jesus, ao atender o pedido de seu mãe, transforma a água em vinho. Em seu primeiro milagre, expõe a sua lei de amor, coloca a serviço do mundo a sua propriedade de dar a vida, de fazer o novo.
O mundo nos confunde com suas ideologias e nos torna eventualmente mais dispersos para as coisas de Deus. São os valores distorcidos que insistem na difamação do ser humano, as possibilidades que se facilitam por si só, onde a afirmação homossexual, a prostituição, o vício nas drogas, tudo nos sugere um sabor diferente, contudo, voltam sempre a ser água, a não dar sabor à vida, e continuamente nos afasta de Deus Pai.
Somos convidados neste tempo comum, a sermos sensíveis como Maria. A perceber a divindade de Jesus. Ele que quer hoje transformar-nos em vinho novo, quer dar sabor à nossa vida. Com toda a indiferença que há entre o mundo sobre as coisas de Deus, estejamos dispostos a sermos uma oferta de amor, e como servos do alto, possamos transbordar o sabor de Cristo, "o vinho melhor" (Jo 2, 10c).

"Não quero que a embriaguez dos vinhos que bebi, me impeça de provar o sabor do Teu vinho novo."


Deus, só.