Ao deixar-nos como herança seu próprio Espírito, Jesus colocou-se à nossa inteira disposição e confirmou à nós, a sua vontade de estar em comunhão conosco, mesmo após seu sacrifício de cruz. Complicado é entender como na nossa humanidade, Deus se faz presente no nosso ato de oração. O que nos capacita a receber de uma forma tão íntima a presença espiritual de Cristo junto à nós?
Não há como encarar a oração como uma simples prece, como uma tentativa de se chegar ao céu, mas perceber no mais íntimo de nosso ser, a voz de Cristo à embalar-nos e guiar-nos pelos caminhos da vida. É preciso perceber na oração, um encontro verdadeiro com o Pai, que insiste em renovar-nos com suas doces palavras e sua forma peculiar de apaixonar-nos.
É preciso enxergar além do que a capacidade natural humana nos concede. Assim como na transubstanciação do pão e do vinho, em Corpo e Sangue de Cristo, a oração nos propõe a presença viva de Jesus em nossos corações. Na sua essência de existir, Deus não se faz omisso ao ponto de esperar-nos alcançar o céu, mas abre mão de sua divindade e se faz real na nossa existência ao se fazer presente na eucaristia e na oração.
Uma vez plantada a semente, é preciso deixar o terreno fértil para que brote a árvore com os mais belos frutos e é somente através da oração que conseguimos fazer com que isso aconteça.
É preciso embriagar-se de Deus. Orar, num sistema social sempre mais preso as tendências e o modismo, é mostrar-se capaz de perceber a santidade de Cristo, e aceitar em nosso viver a certeza de mudanças capazes de transformar-nos em pessoas indiferentes a mesmice enchendo-nos com o prazer do encontro com o Pai no mais ínitmo de nosso ser, embalados pela vontade de ser sempre mais.
"Eu não quero só dizer amém, quero mostrar com a vida que eu creio."