sexta-feira, 18 de maio de 2012

O 'Lava-pés' e o Sacramento da Confissão

A narração do 'Lava-pés', em João 13 nos traz à uma série de reflexões, simbolismos e um conteúdo teológico absolutamente vasto. Nesse momento, fixemos o nosso olhar para a conexão entre o 'Lava-pés' e o Sacramento da Confissão. Depois do Senhor ter explicado a necessidade do 'Lava-pés' a Pedro, este diz a ao Senhor, que assim sendo, Ele não deveria lavar-lhe só os pés, mas também as mãos e a cabeça. Neste instante, Jesus lhe responde de maneira enigmática: "Quem se banhou não tem necessidade de se lavar, porque está inteiramente puro" (13, 10). O que Jesus quis dizer com essas palavras? Obviamente, supõe-se que os discípulos haviam tomado banho antes da Ceia, e que só lhes era necessário lavar apenas os pés, vistos que já estavam limpos. Para João, há um significado muito mais profundo, do que apenas o estar limpo e/ou sujo. Primeiro, precisamos entender aqui que o 'Lava-pés' não se trata de um sacramento particular, mas reflete a totalidade do serviço salvífico de Jesus: é o Sacramentum do seu amor, pelo qual Ele nos imerge ná fé. Mas aqui, o 'Lava-pés' excede essa compreensão do limpar-se apenas, e nos remete ao ao costume vivido pela Igreja Primitiva. O "banho completo" ao qual Pedro faz menção, só pode referir-se ao Batismo, onde através dele, o homem é completamente inserido em Cristo, e recebe uma nova 'identidade' do ser cristão. Como sabemos, esse processo não é repetível, o Sacramento do Batismo, de uma vez por todas, nos torna cristãos pela ação do Espírito. Porém, para que vivamos em comunhão plena com o Cristo, precisamos estar sempre vivendo um novo 'Lava-pés'. O que isso quer dizer? Não há uma resposta absolutamente segura sobre esse fato, mas já na Primeira Carta de São João o significado parece convergir para a ideia central: "Se dissermos: 'Não temos pecado', enganamo-nos e a verdade não está em nós. Se confessarmos nossos pecados, Ele, que é fiel e justo, perdoará nossos pecados e nos purificará de toda injustiça. Se dissermos: 'Não pecamos', fazemos d'Ele um mentiroso, e a sua palavra não está em nós." (1, 8-10). Uma vez que os batizados continuam pecadores e precisam da confissão dos pecados que "nos purifica de toda injustiça". É a palavra 'purificar' que se assemelha ao processo do 'Lava-pés'. A confissão dos pecados, que é uma prática vinda do Judaísmo, é testemunhada na Carta de São Tiago (5, 16) e também na Didaché. Nesta, lemos: "Na comunidade deve confessar os teus pecados" (4, 14), e ainda: "No Dia do Senhor, deveis reunir-vos, partir o pão e agradecer, depois te terdes primeiro confessado vossos pecados" (14, 1). É fato que a prática da confissão dos pecados, já existente na realidade Judaica-cristã, não pode ser identificada com o Sacramento da Penitência que se desenvolveu no decurso da história da Igreja, mas por certo, pode-se afirmar que há uma convergência entre os dois fatos. É portanto, admirável o Sacramento da Confissão, onde o Senhor, que é Deus Ressuscitado, volta a lavar os nossos pés. Jesus, que em Sua vida terrena, foi exclusiva e plenamente o Servo do Senhor, e glorificou o Pai através da Sua humilhação, se faz novamente servo, transbordante de amor servil, para nos trazer de volta ao Seu amor, ao convívio pleno com Ele. Que o Sacramento da Confissão, seja antes de tudo, comunhão plena com o próprio Cristo. Virtude de amor, perdão e comunhão. Que o nosso ser pecador, seja sedento por esse Sacramento. Que nossos pés sejam lavados, sempre que preciso, afim de que participemos da Mesa do Senhor, e contemplemos da Sua Ressurreição, da Sua glória.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

O mundo da forma que você vê.

A CURA - LULU SANTOS (Comentada)

Existirá, em todo porto tremulará (se hasteará)
A velha bandeira da vida
Acenderá todo farol iluminará
Uma ponta de esperança


Todo conteúdo Evangélico, o motivo de Sua pregação, de Sua vinda, vida, morte e ressurreição, foi sempre a vida. O Cristo é por si só, a bandeira viva da vida, que anseia e insiste em hasteá-la nos portos de nossas vidas, portos chamados de coração. Jesus é a luz do mundo, a luz da vida, que não deixa jamais que nossa esperança seja vã. A luz da vida, que jamais nos esquece ou abandona.

E se virá, será quando menos se esperar
Da onde ninguém imagina
Demolirá, toda certeza vã, não sobrará
Pedra sobre pedra


Aguardamos ansiosos (ou não) a volta de Nosso Senhor. Ele que prometeu que estaria conosco até o fim dos tempos, e que voltaria para o julgamento final. Não sabemos quando, portanto é preciso manter-nos atentos, vigilantes. Atentos à vontade de Deus, aquela que distorce as nossas certezas. Que desafia a racionalidade humana, e derruba toda espécie de ceticismo e ideologias. É Jesus que nos desafia e nos mostra, de fato, quem somos. E a partir daí, nos ensina a viver em seu Amor.

Enquanto isso não nos custa insistir
Na questão do desejo, não deixar se extinguir
Desafiando de vez a noção
Na qual se crê que o inferno é aqui


É preciso que a humanidade desarme o coração. Permitir que o amor de Deus tome posse daquilo que somos e queremos. Por mais que o mundo tente, a fé não se findará, o amor de Deus não cairá por terra, porque não é mentira, nem moda.
Jesus nos convida a desafiar o conceito de que o inferno é aqui. Somos convidados a espalhar a caridade mundo a fora. Esse mundo deve ser rendido ao Senhor. Depende de mim, e de você.

Existirá
E toda raça então experimentará
Para todo mal a cura


Há de chegar o tempo, em que todos experimentarão o divino. A nossa Cura. Aquele que é o remédio e solução para todo mal, para tudo que é divisão. Façamos do nosso coração, aberto e rendido ao céu. Adoradores daquele que É.
Permitamos que Deus seja o sentido de nossas vidas. É de Deus que parte o sacrifício, a entrega e o chamado. Somos o desejo d'Ele.

As coisas são do mesmo formato ao qual você olha para elas.

http://www.vagalume.com.br/lulu-santos/a-cura.html#ixzz1nF7oUSWR

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Na perspectiva de Maria

Enfim, é Natal. De que importa?

Que nesse natal, possamos fazer de uma maneira diferente. Possamos nos colocar como Maria. Ela que foi escolhida para ser a Mãe do Senhor. Estar a espera de Jesus a cada instante, na ânsia de ter no colo seu Filho, de estar com Ele e ser para Ele.

Nos coloquemos diante desta celebração de Natal, com o coração voltado para o que de fato importa. O coração voltado para Deus, na espera constante do Nascimento do Senhor, do Cristo que vem!

Que sejamos sim: fraternos, solidários, reflexivos, renovados, que tenhamos o coração cheio de compaixão, de um olhar atento para com o outro. Sim, sejamos esses. Mas não por um motivo qualquer, ou motivo nenhum. Se nos tornaremos 'pessoas melhores' no Natal, sejamos com verdade. Sejamos pela Verdade, que é o próprio Jesus, que ao estar em nós, faz-nos assim.

Nos coloquemos, todos nós, grávidos de Cristo. Ansiosos para dar a Luz. Darmos um pouco da Luz de Cristo para o mundo; "Como se dará isso?" Assim como Maria, confiemos no Senhor. Olhemos, em atitude orante, para o nosso interior e estará lá a resposta. Se o Cristo vem, e virá de mim, algo precisa mudar. Muito precisa mudar.

Sejamos repletos desta graça: sentir o anúncio de Jesus chegando, ao chutar em nosso ventre; sentir os enjoos de uma gravidez, ao perceber tudo que há de errado em nós, e em nosso meio social; preparar o enxoval, com o olhar fixo no Senhor.

Que neste Natal, seja Cristo o centro. Porque por mais óbvio que seja a expressão, estamos longe disso.

Deus nos abençoe.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Catolicismo e o "problema" da homossexualidade

Nos encontramos hoje numa sociedade caracterizada pelo medo. As fobias se tornam cada vez mais constantes, a insegurança, desde o contexto comunitário de violência até o perigo de descobrir-se na intimidade pessoal, regem o caminhar da humanidade. Neste meio onde também tem sido encoberto o direito de falar por si. No embalo das mídias sociais, nunca se falou tanto pelos outros. Nunca a expressão 'colocar palavras em minha boca', foi tão justificada.

O ano de 2011, foi o ano marcado pela absurda decisão do Poder Judiciário brasileiro em legalizar o 'casamento' homossexual. Tornar, goela a baixo, a união homossexual num conceito de família.
Junto a esse fato, nunca se falou tanto em HOMOFOBIA. A sociedade marcada por tantos medos, tornou, num estalar de dedos, a aversão aos homossexuais, o medo da moda. Nesse contexto, a Igreja Católica, com sua posição clara diante da doutrina humana é dita como a Instituição precursora deste fato no país. A Igreja é, novamente, taxada pelo disse me disse dá boca dos outros.
Engraçado é o fato de estar sendo debatido um projeto de lei, onde os padres serão obrigados a defender o homossexual em suas homilias. Onde a posição da Igreja será quase que moldada pelo poder legislativo e judiciário.

Pobre engano. Engana-se aquele que acha que a Igreja é homofóbica. Engana-se quem acha que precisa de leis para ver a Igreja defendendo pessoas. Voltemos a primeira frase do segundo parágrafo: "a absurda decisão do judiciário em legalizar o casamento homossexual". Sim, absurdo o fato de uma união homossexual ser tida como família, mas não é absurdo o fato de um ser humano fazer escolhas. Nisso consiste o amor de Deus, que é livre. Logo ser homossexual não é absurdo. Ainda que o ato homossexual seja em plenitude condenado. Não é coerente com a Criação, mas toda criatura é filho de Deus. Atire você a primeira pedra..

A razão do post, está em afirmar aqui que o homossexual é bem vindo dentro da Igreja Católica. Sem hipocrisia, o preconceito deverá existir. Mas o preconceito que vem de fora pra dentro. Partido do povo de Deus, mas nunca do próprio Deus. É também o homossexual convidado à santidade. Foge ao meu conhecimento as razões orgânicas, psicológicas ou pessoais que levam uma pessoa a escolha da homossexualidade, mas independente da sua escolha, na Igreja, você é gente. Tão mais gente quanto eu que aqui escrevo. Tão mais santo, talvez.

Ensina-nos o Catecismo da Igreja Católica: "Estas pessoas são chamadas a realizar a vontade de Deus em sua vida, e se forem cristãs, unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar por sua condição. As pessoas homossexuais são chamadas à castidade. PELAS VIRTUDES DE AUTODOMÍNIO, EDUCADORAS DA LIBERDADE INTERIOR, PELA ORAÇÃO E PELA GRAÇA SACRAMENTAL, PODEM E DEVEM SE APROXIMAR, GRADUAL E RESOLUTAMENTE, DA PERFEIÇÃO CRISTÃ".

Estamos todos, homens e mulheres sob o mesmo céu. Sobre nós brilha o mesmo sol, e molha-nos a mesma chuva. Filhos do mesmo Deus. Origem da mesma Criação. Nossas escolhas nos diferem, e nos fazem em especial amados por isso. Que a graça seja maior que a opção. A castidade é possível para heteros e homossexuais. A caridade é para homos e heterossexuais.

Que pelo magistério da Igreja sejamos abençoados e impulsionados a uma vida regrada pelos valores do céu.

Rogue por nós Tu, ó Virgem Imaculada, desde sua Conceição, e ensine-nos a sermos vigilantes e fieis ao Teu Filho Jesus!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

As Bem-aventuranças - Introdução

A nossa história junto à Deus é iniciada desde as Teofanias, onde o próprio Deus ia guiando a humanidade através de Suas revelações. Através dos profetas a Lei divina foi revelada de forma progressiva até a Encarnação do Verbo. Jesus Cristo, homoousios ao Pai - ou seja, de mesma essência - continua em sua estadia terrena, a guiar e dirigir o Povo de Deus.
No Sermão da Montanha, Jesus expõe sua coerência diante da Tradição histórica e teológica, quando em Sua fala, nos diz sobre "As Bem-aventuranças". Muitos afirmam que esse tema, é uma renovação dos Mandamentos, o que se trata de uma grande contradição diante da Palavra de Deus. Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas; não vim revogá-la, mas completá-la. Porque, em verdade vos digo: até que passem o céu e a terra, não passará um só j ou um só ápice da lei, sem que tudo se cumpra (Mt 5, 17s).

As palavras das Bem-aventuranças, traduzem uma promessa, mas acima de tudo, são palavras que nos ajudam a discernir os caminhos do Senhor, que nos revelam a Sabedoria divina. São Lucas nos mostra a disposição do Sermão da Montanha: "Erguendo os olhos aos seus discípulos..." (Lc 6, 20). São as pessoas as quais Jesus toma por família. Aqueles que, de fato, O seguem. Famintos, pobres, cansados.

Diante da perspectiva da vida, o anúncio das bem-aventuranças se tornam uma contradição. Aqueles os quais são oprimidos e fracos, são tidos por Cristo como os abençoados e verdadeiramente felizes. É a partir de aí, que Jesus insere diante da humanidade uma 'inversão de valores', dando um novo contexto a história da humanidade. Promessas escatológicas - previstas para o fim -, mas em seu contexto não se limitam ao além. São virtudes, que se praticadas, são permeáveis ao hoje, pra vida de agora.

São Paulo nos expõe a sua alegria e júbilo diante de uma vida marcada pela perseguição e humilhação. Colocado em último lugar, São Paulo experimenta a relação interior entre a cruz e ressurreição: somos entregues à morte "também para que se revela a vida de Jesus no nosso corpo mortal" (2Cor 4,11).

As Bem-aventuranças definem irrestritamente o que é o discipulado. Elas se tornam cada vez mais completas e concretas à medida em que mais completa for a entrega do discípulo ao serviço. Não é uma teoria. É algo próprio da expressão "sentir na pele". É preciso praticar e viver com verdade. O discípulo está ligado ao mistério de Cristo. Quando em comunhão; já não sou eu que vivo, mas Ele que vive em mim. As bem-aventuranças são transposição da cruz e da ressurreição para a existência do discípulo.

O sentido cristológico se revela nas bem-aventuranças. É a autobiografia de Cristo que é retratada. Cristo que não tem onde reclinar sua cabeça (Mt 8,20), é o verdadeiro pobre; Ele que de si pode dizer: vinde a mim, porque eu sou manso e humilde de coração (Mt 11,20) é o verdadeiro manso; Cristo que é puro de coração e por isso ver permanentemente a Deus. Aparece para nós de forma clara a revelação do próprio Cristo em Suas palavras, que são ainda as intruções para a Igreja, que deve reconhecer lá o seu modelo de existência.

Em seguida, outros textos comentaram a parte as Bem-aventuranças.

Baseados no livro: Jesus de Nazaré - Joseph Ratzinger (Bento XVI)

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Efésios 5, 8 - 14

"Proceder dos Filhos de Deus"

"8 Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor: comportai-vos como verdadeiras luzes."

O primeiro versículo nos remete essencialmente ao título da passagem - Filho de Deus.
Em que consiste a genealogia divina? Somos por essência, 'filhos de Adão', herdeiros do pecado original, herdeiros da desobediência humana e por conseguinte frutos do pecado. Ao receber o Sacramento do Batismo, somos inseridos nesta genealogia. Filhos de Deus, convidados à santidade. É a escuridão da humanidade iluminada pela graça de Deus, manifestada pela vontade de Deus através dos Sacramentos.

"9 Ora, o fruto da luz é bondade, justiça e verdade."

A Luz. Uma Luz que não pertence aos homens, que não se compra ou conquista, mas que gratuitamente, se recebe como graça de Deus. A Luz suprema, posta nesse mundo através do Cordeiro imolado, Jesus Cristo. Uma Luz tão forte, a ponto de nos cegar. Cegar a falsidade humana, afim de buscar puramente, a vontade de Deus.
Ao ser introduzidos no mundo como "Filho de Deus", somos iluminados pela Sua graça, essa que foi revelada por Cristo, o Sol Invictus . E ao tomar posse dessa certeza, somos impulsionados a frutificar os dons do céu: bondade, justiça e verdade.

• Bondade:
Em Lc 18, 19, Jesus nos afirma: "Por que me chamas bom? Só Deus é bom."
Então nos encontramos numa contradição ferrenha. Ao afirmarmos o nosso "Filho de Deus", somos preenchidos pela Luz divina, através do Querigma, Jesus Cristo, que nos preenche com Sua luz, mas somos, ainda humanos.
E nisso consiste a caminhada cristã. Em perceber a fraqueza humana, a ponto de render-se diante do amor de Deus, e viver assim a 'bondade'. Não como outrora, não como 'nas trevas', mas de uma forma em que a Vontade de Deus assuma o proceder humano como um todo. "Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim". Gl 2,20 . E como Deus, ser bondoso. Caridoso, aquele que sabe amar por um todo, no 'SIM' e no 'NÃO'. Ser bom é compadecer-se, não ser permissivo ou omisso.

• Justiça:
A justiça hoje, se distingue extremamente em duas etapas:
- Justiça civil: A lei do mundo. A que tenta enfiar-nos goela à baixo, que o certo, é o que o mundo secularizado nos diz. Há nela, também, os seus acertos.
- Justiça divina: As leis de Deus. Se manifestam de forma especial no 'Decálogo', na afirmação dos Dez Mandamentos que Deus nos oferece como um grande SIM à vida, ainda que uma grande parcela do mundo, tente nos mostrar isso como falha, retrocesso.
A Justiça de Deus, um dom que não cabe ao nosso querer. Não foi escrita estritamente como um roteiro, mas é no Evangelho, na vida encarnada de Cristo, que nos revela o que é ser justo. Que dignifica o viver humano.
"Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!" Mt 5,6 . Sede e fome de Cristo. A própria Justiça, aquele que revela com exatidão e coerência a forma reta de se viver. "O Homem justo, vive da fé Hab 2,4."

• Verdade:
Em tudo se consuma na verdade o sentido divino. "Com Deus, por Deus e em Deus." Nisto consiste o viver de forma sincera. Na honestidade do caminhar. Saboreando a liberdade que Deus nos dá. Porém, a liberdade é a essência do amor, e a origem do mal. Não há amor sem verdade e liberdade. Só se ama aquilo que se conhece e acredita. É assim que Deus nos ama. Tanto, a ponto de deixar com que escolhamos os nossos próprios caminhos. Trevas ou Luz.
Por que a liberdade é a origem do mal?
Há um tema chamado 'Teodicéia', onde algumas perguntas são lançadas. Talvez a mais pertinente: "Deus precisa do mal para existir?" - Pois, se existe o mal, e Deus é todo bom, como existem as tragédias e o mal? - Para que Deus use o mal como forma de grandiosidade? - Enfim ...
A liberdade - essência do amor - é a origem do mal. Liberdade que nos é ofertada, através de toda verdade que há em Deus, onde existe o processo de escolha: escolha da Verdade, do Deus Altíssimo, ou de uma farsa, a mentira humana e demoníaca, que nos impede de viver em plenitude.

"11 e não tenhais cumplicidade nas obras infrutíferas das trevas; pelo contrário, condenai-as abertamente. 12 Porque as coisas que tais homens fazem ocultamente é vergonhoso até falar delas. 13 Mas tudo isto, ao ser reprovado, torna-se manifesto pela luz. 14 E tudo o que se manifesta deste modo torna-se luz. Por isto a Escritura diz: Desperta, tu que dormes! Levanta-te dentre os mortos e Cristo te iluminará!"

Que percebamos em Cristo essa Luz tão intensa. Esse amor que supera a dor, a morte. Deixar-se iluminar pela Luz salvífica. Sair da morte do mundo, matar a carne em nós, e viver só por Amor, pelo Amor. Levantar-se, alçar voô.

"Sigo a Luz. No mistério me abandono e me deixo envolver."

O tesouro da vida.

O mundo todo parou para acompanhar o resgate dos 33 mineradores que se encontravam soterrados em uma mina de cobre e ouro. Diante da fatalidade do acidente, todo o país se concentra nas formas distintas de salvamento daquelas pessoas. Assim, foram - ou, no momento, estão - resgatados com vida.
Num país de maioria católica, colocou-se um sentido místico, onde os 33 anos de Jesus Cristo, foram postos em comparação com a quantidade de pessoas e etc.
Nunca se colocou de forma tão clara na mídia, o valor da vida. Estamos tão habituados com o abandono da vida, que se faz necessário uma tragédia para que a população em geral, se emocione e compreenda a vida de uma forma diferente.
Sim, Deus se fez presente ali em todo a todo momento. Talvez não com a referência cronológica da idade de Cristo e a quantidade de mineradores, mas Sua presença era um fato.
Uma centena de histórias se encontram ali envolvidas. Por trás dos 33, estão pais e mães, esposas, filhos e filhas. Há também o envolvimento por completo das equipes de resgate, dos engenheiros, enfim, uma quantidade imensa de pessoas.
Poderia ter sido só um. Só bastava uma vida, para que Deus estivesse ali em plenitude. Nem todo o minério daquela mina, nem todo seu ouro, teria mais valor do que qualquer um que fosse.
Que o mundo aprenda de uma vez por todas. A vida, em qualquer etapa, é a vontade de Deus. Porque, para que cada um dos 33 estivesse ali, foi necessário passar por um processo de gestação, crescimento e amadurecimento.
Seria tão 'prático' abrir mão daquelas vidas, e deixá-los apodrecer naquele buraco.
Que a compreensão humana se estenda a todos os níveis do crescimento natural da vida.
Aborto, eutanásia, métodos contraceptivos. É como deixar histórias obscuras, afundadas na escuridão da morte.
Vida é vida.