terça-feira, 16 de março de 2010

Intimidade em Jesus Cristo.

Nas relações corriqueiras de nosso cotidiano, esbarramos na hipocrisia declarada como forma de princípio nos relacionamentos, sejam eles profissionais ou casuais e ,repetidamente, nos deparamos com a frieza humana, e com os interesses mundanos à flor da pele, incitando na sociedade um desejo descabido de conquista e poder. Nas projeções criadas por nós a nível de evolução, seja na empregabilidade ou na formação pessoal, há uma grande iniciativa de ir mais alto. Essa busca, que muitas vezes, vem se tornando uma disputa desumana, onde não se comunga mais de um espírito de partilha e crescimento mútuo, mas a ganância corrompe todos os princípios cristãos, a fim de que a conquista ocorra constate e individualmente.

Assim também aconteceu com os discípulos. Muitas são as passagens bíblicas onde os seguidores de Jesus discutiam entre si, para saber qual, dentre eles, era o maior. "O que vocês discutiam pelo caminho?". Essa é a pergunta que Deus nos faz. O que nós buscamos em nosso caminho? Qual o nosso ideal? Os nossos valores cristãos permanecem diante das ofertas do mundo?

No convite que Jesus nos faz à conversão nesse tempo Quaresmal, está incluido nesse contexto, as nossas relações pessoais, a forma como o nosso testemunho faz com que a graça de Deus possa transbordar mundo a fora. Ao permitir-se à conversão, o ser humano, automaticamente, entra num processo de aprofundamento na doutrina de Cristo, e nessa caminhada frutuosa, a intimidade com o Pai, nos leva a compreensão daquilo que realmente nos faz viver.

Os 12 discípulos caminharam cerca de 3 anos com Jesus, e diariamente, aprofundavam-se no amor de Deus, com a construção de uma intimidade com o Redentor. A cada dia, em cada milagre, e exortação de Cristo, o coração de cada discípulo se aguçava em busca da santidade, e assim, proclamavam e tinham como testemunho a graça de Deus. É essa compreensão que precisamos ter dentro de nós. O convívio íntimo com Ele é o único capaz de preencher-nos de sabedoria, de fazer com que o nosso coração saiba o que é amar e servir com dignidade.

Na anúncio de sua Paixão, Jesus reunido com seus discípulos, com aqueles que tinham para com Ele intimidade, abriu o coração, e os revelou o caminho da Salvação. "Depois de ir e vos preparar um lugar, voltarei e tomar-vos-ei comigo, para que onde eu estou, também vós estejais." Jo 14, 3.

Enquanto ainda estivermos no mundo, sejamos sempre dispostos a estar em ativa ligação com Cristo. Que sejamos íntimos do Salvador, para que possamos, também, sermos aguardados pelo Senhor nos céus, para que Ele sinta-se à vontade para nos revelar os Seus mistérios. Inspirados pelo amor de cruz do Santo dos santos, sejamos firmes na nossa vocação. Que assumamos o nosso batismo, e nossa caminhada. Que os valores do mundo, não nos tire a possibilidade de encontrar Jesus, de afundar-se n'Ele, para que sejamos um só, para que Ele viva em nós. Sustentados pela Eucaristia, sejamos orantes, vigilantes, e nos entreguemos por um amor maior, por Aquele que renunciou a si mesmo, só por amor.

sábado, 6 de março de 2010

A quem serve teu coração?

Servir-se do dinheiro ou servir ao dinheiro? Antes de abordar a fundo a campanha da fraternidade, é preciso fazer juízo ao tempo quaresmal, e ao olhar interiormente, descobrirmos o nosso ideal. Ao que nós buscamos? Em que nós cremos?
A Igreja, junto a sabedoria do Espírito Santo, iniciou mais uma vez a campanha da fraternidade, trazendo como tema a passagem bíblica: "Vocês não podem servir à Deus e ao dinheiro". No mundo moderno, a economia é parte intrínseca de nossas vidas, não há relação social alguma hoje, sem a presença do dinheiro.
Eis aí o grande 'x' da questão. Santo Inácio nos ensina que tudo o que foi criado, nos é oferecido para que alcançemos a Deus, e sabiamente conclui Me. Agathe: "Não se apegue a coisa alguma, pelo amor de Deus." Vivemos num mundo capitalista, voltado para os bens de consumo, para o desenvolvimento industrial, e todo o nosso cotidiano, nos traz a consciência que o dinheiro é necessário, e de fato, é. Escolaridade, saúde, consumo básicos, tudo requer do mundo algum tipo de investimento. Porém, a consciência cristã que nos é apresentada, vai além da materialidade e das formas de conquista, mas somos convidados e interpelados por Deus, a sermos sinais de Seu amor, diante de todas as circunstâncias, e dessa forma, estarmos sempre atentos a Sua vontade, e descobrir em todos os aspectos da vida, uma forma digna de encontrar com o Pai. Essa é a grande diferença do cristão em meio ao mundo. Reconhecer aquilo que é fundamental, e privar-se dos exageros da sociedade, dá ao homem a capacidade de se conceber divino, de contemplar em si, a grandeza do Criador, que se manifesta de todas as formas, aonde quer, sem custo algum.

O servir a Deus que a campanha aborda, está fixado na conclusão do ser humano, que as coisas do céu estão acima das nossas vontades. Que o desejo puro, desvirtuado, não só economicamente falando, mas dos vicíos em geral, são a realidade que constrói a personalidade e a conduta de tal ser. O cristão, sensível as 'coisas de Deus', transforma aquilo que há de mais simples na grandiosidade da vida, e aquilo que aos olhos do mundo é grandioso, se torna um nada, visto que as situações nos levam a compreensão de que a divindade está além das aparências. Permitir-se servir a Deus, consolida em nós essa certeza. De que o essencial, não se baseia em um materialismo insconsistente, nem na radicalidade do perder tudo. Servir a Deus, está na compreensão da continuidade da construção do Reino dos céus. O processo de santificação, não se constrói a partir de ideologias, como o socialismo e o marxismo, que tem por objetivo nos obrigar a perder tudo, sem o sentido divino. É preciso sim despojar-se, rasgar o véu que cobre os nossos corações, a fim de que sejamos completos por aquilo que Deus nos concede. Compreender na graça do 'ter', a propriedade de 'ser' junto ao outro, em viver a caridade sincera.

Que a sabedoria divina, nos ensine a sermos atentos a riqueza dos céus. Que em nosso viver, possamos ter o equilíbrio em nossa consciência, baseados naquilo que realmente é o nosso Ideal. O ter pelo ter, ser por ser, viver por viver, não nos constrói em nada. A magia da vida se encontra na capacidade humana de enxergar Deus nas coisas mais simples, no dia-a-dia, na pobreza dos nossos corações. Que na nossa vida, aprendamos a servir só a Deus, junto a nosso dinheiro, matrimônio, ordem, missão etc. Sejamos só d'Ele, e que tudo o que foi por Ele criado, nos leve cada dia mais alto, sempre mais próximo do Pai.

"No Evangelho encontrais a luz divina, não no supérfluo, na ganância e na ambição."