quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Caridade

Sâo Paulo nos adverte sobre a importância da caridade. A Palavra de Deus se manifesta de forma muito clara quando nos ensina que é o amor, e nada mais, o grande mistério da Salvação. O amor que se encontra nos maiores mandamentos, o amor que se encontra no perdão, no jejum e em tudo aquilo o que se faça em virtude do Reino.

O Papa Bento XVI em sua primeira carta encíclica, nos fala sobre o amor, retrata um "Deus que é amor". E lá, nos explica as três formas de amor, teorizadas pelos gregos.

1. Amor Eros: Amor entre homem e mulher - que não nasce da inteligência nem da vontade. Amor mundano.
2. Amor Philia: Amor de amizade. Expresso pela Evangelho como o amor de Cristo por seus discípulos.
3. Amor Ágape: Amor baseado na fé. Novidade do cristianismo.

"A caridade é paciente, a caridade é bondosa. Não tem inveja. A caridade não é orgulhosa. Não é arrogante." I Coríntios 13, 4.

No anúncio do Evangelho, estamos habituados a compreender esse amor de Cristo pela humanidade. Enxergamos e aprendemos de fato, como amar, amar até o fim. A caridade que transborda nos ensinamentos Cristo, através de Sua caminhada, milagres e morte de cruz. Sim, aprendemos o que é o amor. Algo que não pode ser ensinado como uma matéria ou como um objeto fixo de estudo, mas uma verdade que se explica no viver, no experimentar, no agir.
Com todos esses valores, a caridade transpõe as barreiras humanas, quebra as correntes do individualismo e da modernidade, e atinge, ainda aos que não aceitam, o coração do mundo. Irremediavelmente, supera a frieza mundana, e através da Igreja de Cristo, revela um amor fiel, verdadeiro.

"A caridade jamais acabará. As profecias desaparecerão, o dom das línguas cessará, o dom da ciência findará." I Coríntios 13, 8.

Por ser algo superior, que nos é conferido por graça, a caridade nunca acabará, é fato. A caridade é fruto de uma verdade. Por isso é necessário que abrangemos o nosso viver à um amor ágape. É preciso que a humanidade fundamente o seu viver na verdade que jorra da cruz, num amor precioso, que tudo suporta e é incessante, mas que pra isso, sabe dizer não.

Ágape, amor da fé. Caridade por si só não pode ser medido, não pode ser relativizado com um sentimento banal consequente aos nossos desejos. O amor é, por si só o amor. É divino, é Deus. Algo que não se molda, não se escolhe partes ou prioriza momentos. A caridade é um todo.

"Hoje vemos como por um espelho, confusamente; mas então veremos face a face. Hoje conheço em parte; mas então conhecerei totalmente, como eu sou conhecido." I Coríntios 13, 12

Viver a fé, está no dever de servir e amar ao outro. Na compreensão verdadeira do que é o amor, de tomar a caridade como um processo justo da Redenção, não como a solução dos meus anseios.
Que as confusões da humanidade não permitam que o amor seja confundido. Não deixemos que a caridade seja substituida por um sentimentalismo mesquinho, influenciado pela maneira como o mundo enxerga e nos força a enxergar os caminhos da vida.
Não, caridade não é apenas solução, é meio. Não é chegada, é caminho. Ser caridoso não implica na inconsciência de fazer o bem em ocasião do agradar ao mundo, mas agradar a verdade, que vem de Deus, que vem do amor.

"Por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade - as três. Porém, a maior delas é a caridade. ". I Coríntios 13,13.

Façamos com que a caridade incendeie o mundo. Sejamos apenas carvão. E que a graça de Deus seja o fogo.
"Amor é fogo que arde sem se ver".
Que Sua graça, ainda que não material ou palpável, seja nosso ímpeto.
Fogo que brota da cruz, do altar. Eucaristia, brasa ardente de amor.

Qui non ardit non incendit. - (Aquele que não está ardendo, não incendeia). Dom Bosco