sábado, 6 de março de 2010

A quem serve teu coração?

Servir-se do dinheiro ou servir ao dinheiro? Antes de abordar a fundo a campanha da fraternidade, é preciso fazer juízo ao tempo quaresmal, e ao olhar interiormente, descobrirmos o nosso ideal. Ao que nós buscamos? Em que nós cremos?
A Igreja, junto a sabedoria do Espírito Santo, iniciou mais uma vez a campanha da fraternidade, trazendo como tema a passagem bíblica: "Vocês não podem servir à Deus e ao dinheiro". No mundo moderno, a economia é parte intrínseca de nossas vidas, não há relação social alguma hoje, sem a presença do dinheiro.
Eis aí o grande 'x' da questão. Santo Inácio nos ensina que tudo o que foi criado, nos é oferecido para que alcançemos a Deus, e sabiamente conclui Me. Agathe: "Não se apegue a coisa alguma, pelo amor de Deus." Vivemos num mundo capitalista, voltado para os bens de consumo, para o desenvolvimento industrial, e todo o nosso cotidiano, nos traz a consciência que o dinheiro é necessário, e de fato, é. Escolaridade, saúde, consumo básicos, tudo requer do mundo algum tipo de investimento. Porém, a consciência cristã que nos é apresentada, vai além da materialidade e das formas de conquista, mas somos convidados e interpelados por Deus, a sermos sinais de Seu amor, diante de todas as circunstâncias, e dessa forma, estarmos sempre atentos a Sua vontade, e descobrir em todos os aspectos da vida, uma forma digna de encontrar com o Pai. Essa é a grande diferença do cristão em meio ao mundo. Reconhecer aquilo que é fundamental, e privar-se dos exageros da sociedade, dá ao homem a capacidade de se conceber divino, de contemplar em si, a grandeza do Criador, que se manifesta de todas as formas, aonde quer, sem custo algum.

O servir a Deus que a campanha aborda, está fixado na conclusão do ser humano, que as coisas do céu estão acima das nossas vontades. Que o desejo puro, desvirtuado, não só economicamente falando, mas dos vicíos em geral, são a realidade que constrói a personalidade e a conduta de tal ser. O cristão, sensível as 'coisas de Deus', transforma aquilo que há de mais simples na grandiosidade da vida, e aquilo que aos olhos do mundo é grandioso, se torna um nada, visto que as situações nos levam a compreensão de que a divindade está além das aparências. Permitir-se servir a Deus, consolida em nós essa certeza. De que o essencial, não se baseia em um materialismo insconsistente, nem na radicalidade do perder tudo. Servir a Deus, está na compreensão da continuidade da construção do Reino dos céus. O processo de santificação, não se constrói a partir de ideologias, como o socialismo e o marxismo, que tem por objetivo nos obrigar a perder tudo, sem o sentido divino. É preciso sim despojar-se, rasgar o véu que cobre os nossos corações, a fim de que sejamos completos por aquilo que Deus nos concede. Compreender na graça do 'ter', a propriedade de 'ser' junto ao outro, em viver a caridade sincera.

Que a sabedoria divina, nos ensine a sermos atentos a riqueza dos céus. Que em nosso viver, possamos ter o equilíbrio em nossa consciência, baseados naquilo que realmente é o nosso Ideal. O ter pelo ter, ser por ser, viver por viver, não nos constrói em nada. A magia da vida se encontra na capacidade humana de enxergar Deus nas coisas mais simples, no dia-a-dia, na pobreza dos nossos corações. Que na nossa vida, aprendamos a servir só a Deus, junto a nosso dinheiro, matrimônio, ordem, missão etc. Sejamos só d'Ele, e que tudo o que foi por Ele criado, nos leve cada dia mais alto, sempre mais próximo do Pai.

"No Evangelho encontrais a luz divina, não no supérfluo, na ganância e na ambição."

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