segunda-feira, 25 de outubro de 2010

As Bem-aventuranças - Introdução

A nossa história junto à Deus é iniciada desde as Teofanias, onde o próprio Deus ia guiando a humanidade através de Suas revelações. Através dos profetas a Lei divina foi revelada de forma progressiva até a Encarnação do Verbo. Jesus Cristo, homoousios ao Pai - ou seja, de mesma essência - continua em sua estadia terrena, a guiar e dirigir o Povo de Deus.
No Sermão da Montanha, Jesus expõe sua coerência diante da Tradição histórica e teológica, quando em Sua fala, nos diz sobre "As Bem-aventuranças". Muitos afirmam que esse tema, é uma renovação dos Mandamentos, o que se trata de uma grande contradição diante da Palavra de Deus. Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas; não vim revogá-la, mas completá-la. Porque, em verdade vos digo: até que passem o céu e a terra, não passará um só j ou um só ápice da lei, sem que tudo se cumpra (Mt 5, 17s).

As palavras das Bem-aventuranças, traduzem uma promessa, mas acima de tudo, são palavras que nos ajudam a discernir os caminhos do Senhor, que nos revelam a Sabedoria divina. São Lucas nos mostra a disposição do Sermão da Montanha: "Erguendo os olhos aos seus discípulos..." (Lc 6, 20). São as pessoas as quais Jesus toma por família. Aqueles que, de fato, O seguem. Famintos, pobres, cansados.

Diante da perspectiva da vida, o anúncio das bem-aventuranças se tornam uma contradição. Aqueles os quais são oprimidos e fracos, são tidos por Cristo como os abençoados e verdadeiramente felizes. É a partir de aí, que Jesus insere diante da humanidade uma 'inversão de valores', dando um novo contexto a história da humanidade. Promessas escatológicas - previstas para o fim -, mas em seu contexto não se limitam ao além. São virtudes, que se praticadas, são permeáveis ao hoje, pra vida de agora.

São Paulo nos expõe a sua alegria e júbilo diante de uma vida marcada pela perseguição e humilhação. Colocado em último lugar, São Paulo experimenta a relação interior entre a cruz e ressurreição: somos entregues à morte "também para que se revela a vida de Jesus no nosso corpo mortal" (2Cor 4,11).

As Bem-aventuranças definem irrestritamente o que é o discipulado. Elas se tornam cada vez mais completas e concretas à medida em que mais completa for a entrega do discípulo ao serviço. Não é uma teoria. É algo próprio da expressão "sentir na pele". É preciso praticar e viver com verdade. O discípulo está ligado ao mistério de Cristo. Quando em comunhão; já não sou eu que vivo, mas Ele que vive em mim. As bem-aventuranças são transposição da cruz e da ressurreição para a existência do discípulo.

O sentido cristológico se revela nas bem-aventuranças. É a autobiografia de Cristo que é retratada. Cristo que não tem onde reclinar sua cabeça (Mt 8,20), é o verdadeiro pobre; Ele que de si pode dizer: vinde a mim, porque eu sou manso e humilde de coração (Mt 11,20) é o verdadeiro manso; Cristo que é puro de coração e por isso ver permanentemente a Deus. Aparece para nós de forma clara a revelação do próprio Cristo em Suas palavras, que são ainda as intruções para a Igreja, que deve reconhecer lá o seu modelo de existência.

Em seguida, outros textos comentaram a parte as Bem-aventuranças.

Baseados no livro: Jesus de Nazaré - Joseph Ratzinger (Bento XVI)

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